A última derrota foi do Flamengo. Mas, para Andrade, a balança contra o Botafogo ainda é amplamente favorável. O técnico relembrou a sequência de vitórias sobre o Alvinegro em finais de Campeonato Carioca de 2007 a 2009 para garantir que não há qualquer clima de revanche para o clássico de hoje, no Engenhão. A partida, válida pela quinta rodada da Taça Rio, começa às 19h30m (de Brasília).
– Já ganhamos três finais de Carioca consecutivas. O gosto amargo é do Botafogo, que perdeu por três anos. Da nossa parte não há vingança, só queremos o resultado – declarou o treinador.
Na semifinal da Taça Guanabara, o Rubro-Negro jogou melhor, mas perdeu por 2 a 1, de virada. O resultado provocou euforia no Botafogo e os torcedores cantaram: “Cadê o Império do Amor?”.
A partida foi umas das únicas duas do ano em que a dupla de ataque passou em branco. A outra foi na última quarta-feira, na derrota por 2 a 1 sobre o Universidad de Chile.
– Jogadores como Adriano e Vagner Love vão perder e fazer muitos gols na vida. Faz parte da posição em que eles jogam – defendeu Andrade.
ANDRADE TENTA ‘BLINDAR’ ADRIANO DAS CRÍTICAS MERECIDAS
Adriano foi o autor do gol da vitória por 1 a 0 do Flamengo diante do Vasco, no último domingo, no Maracanã. Contudo, o grande destaque da partida foi o goleiro Bruno, que defendeu duas cobranças de pênaltis de Dodô. Após o jogo, o técnico Andrade elogiou ambos e deu de ombros para as polêmicas que criam fora de campo.
“Tenho esses dois grandes jogadores. O Bruno faz a diferença dentro do gol, e o Adriano na frente. Ele [Adriano] é polêmico, mas prefiro ter um assim, que faça 19 gols em um Brasileiro, do que um santo que faça só cinco gols. Prefiro trabalhar com Adriano com todos os problemas que ele atravessa, do que com um bonzinho. O Adriano decide”, elogiou o técnico Andrade.
Na última semana, Adriano esteve afastado do elenco aprimorando a parte física e não viajou pela Libertadores para enfrentar o Caracas, na última quarta-feira. Antes, por problemas particulares, já não havia encara o Resende pelo Estadual.
Foi justamente neste jogo que o goleiro Bruno, ao tentar defender o companheiro de time, que tinha se desentendido com sua noiva, afirmou ser natural “sair na mão” com a parceira, o que repercutiu muito mal e o camisa 1 foi obrigado a se retratar.
ANDRADE FEZ QUE NÃO OUVIU AGRESSÃO VERBAL DO ZAGUEIRO ÁVARO
Um momento de irritação de Álvaro com Andrade chamou a atenção durante o segundo tempo do jogo do Flamengo contra o Universidad Católica, na última quarta-feira, no Maracanã. O time já vencia por 2 a 0 quando o treinador chamou o zagueiro para passar algumas instruções. Álvaro não gostou do que ouviu e teria dito alguns palavrões em sua direção. Andrade preferiu botar panos quentes.
– Fui pedir a ele que não saísse mais (da defesa), pois o placar era 2 a 0. O jogo estava definido, mas não podíamos tomar gols. De repente, ele não gostou, mas não sei se disse palavrão. No calor do jogo é compreensível. O que importa é que começamos a Liberatdores com vitória – disse o treinador.
Um outro assunto que será revisto com os ânimos mais calmos é a expulsão de Willians. Andrade lamentou o cartão vermelho logo no começo da partida.
– Na posição em que eu estava, não deu para observar se atingiu mesmo, se foi mal-intencionado ou não. Mas com dois minutos de jogo ele não pode ser expulso. Isso coloca todo mundo em uma situação ruim – criticou Andrade.
ANDRADE CONVERSA COM FABRÍCIO, O SUBSTITUTO DE RONALDO ANGELIM
A má fase da defesa do Flamengo fez sua primeira vítima, e logo o herói do título do Brasileiro: Ronaldo Angelim. No treino coletivo comandado pelo técnico Andrade na tarde de ontem, no CT de Vargem Grande, o zagueiro treinou entre os reservas e Fabrício atuou ao lado de Álvaro. Apesar da mudança, a zaga do time principal não passou em branco e a atividade terminou 1 a 1. Vagner Love e Fierro marcaram os gols.
Após a derrota para o Botafogo, Angelim disse que não está em boa fase e que, caso fosse o melhor para o Flamengo, ficaria no banco de reservas. No treino de ontem, o volante Kleberson fez um trabalho físico à parte e foi substituído por Fernando. A equipe treinou com: Bruno; Léo Moura, Álvaro, Fabrício e Juan; Toró, Fernando, Willians e Vinícius Pacheco; Vagner Love e Adriano. Petkovic não participou do coletivo, fez apenas um trabalho técnico.
Na próxima quarta-feira, às 21h50m, o Rubro-Negro estreia na Taça Libertadores contra o Universidad Católica, do Chile. A equipe está no Grupo 8, que tem ainda do Caracas, da Venezuela, e o Universidad de Chile.
ALUNO E PROFESSOR SE ENCONTRAM LOGO MAIS NO MARACANÃ
Joel Santana trabalhou duas vezes no Flamengo nos últimos cinco anos: em 2005 e 2007/08. Em ambas, Andrade foi seu auxiliar. Juntos, foram campeões do Carioca em cima do Botafogo em 2008. Hoje, os ex-companheiros vão se enfrentar pela primeira vez fora das quatro linhas na semifinal da Taça Guanabara, às 21h50m (horário de Brasília), no Maracanã.
Nos dias que antecederam o jogo, a pergunta mais feita a Andrade – e a todos os jogadores do Fla – foi sobre o que fazer na hora de enfrentar um técnico que conhece bem o grupo rubro-negro. A resposta foi diplomática ao longo da semana, com o atual comandante da equipe da Gávea afirmando que também tem muita informação sobre o Alvinegro e destacando a quantidade de vezes que as equipes já se enfrentaram. Mas, na terça-feira, Andrade mudou o tom ao ser questionado mais uma vez.
– Ninguém conhece o Flamengo melhor do que eu. Estou aqui há mais de 20 anos. Conheço desde o marceneiro até o rapaz que faz o café. Sei como o Joel trabalha, pois aprendi muita coisa com ele quando esteve aqui. Algumas coisas ele me passou, e outras não. Agora cada um vai defender seu lado – disse o técnico do Flamengo.
Joel viveu o outro lado da moeda e teve que responder repetidas vezes sobre as consequências de ter seus métodos e artimanhas bastante familiares aos rivais de logo mais. Mas o treinador do Botafogo garantiu que nem tudo sobre ele é conhecido no ex-clube.
– Andrade deve me conhecer, mas quase tudo. Tenho, por exemplo, o hábito de fazer a preleção sozinho com os jogadores. Por isso, muitas vezes o auxiliar acaba não sabendo tudo o que eu peço ao grupo e converso com eles em alguns momentos – disse Joel.
Apesar da antiga parceria, não se deve esperar um abraço entre os treinadores antes do início da partida. Joel não pretende cumprimentar Andrade antes de a bola rolar, mas garante que não é por falta de educação ou qualquer tipo de briga com o rubro-negro – é uma questão de honestidade.
– Não é 100% honesto, pois como vou dizer boa sorte a ele? Depois do jogo posso sair para jantar com qualquer treinador e ele ir à minha casa, como aconteceu muitas vezes. Já tive muitos amigos a quem nem dei adeus à beira do gramado. Antes do jogo não tem nada a ver. Os jogadores, sim, faço questão de cumprimentar – explicou Joel Santana.
