O técnico da Argentina, Diego Maradona, fechou definitivamente as portas da seleção ao meio-campo Juan Román Riquelme, do Boca Juniors.”Ele tem condições de ser convocado, mas seu ciclo está encerrado”, apontou o treinador, que viu o jogador se recusar a defender o país desde que assumiu o cargo, há oito meses.
Em entrevista ao jornal esportivo Olé, de Buenos Aires, o ex-jogador disse ter ficado “magoado” com a atitude de Riquelme e lembrou que “nunca se diz não à seleção”.
“Tinha bom tratamento com ele, não uma amizade. Se ele chegar para mim, disser os motivos e tiver razão, eu saio. Juro por Benjamín (seu neto)”, manifestou.
Maradona lembrou que alguns jogadores “largam tudo” para defender a seleção “por amor à camisa”. “Eles fazem viagens de 15 horas e deixam suas famílias. Temos de respeitar isso. Quem não quiser fazer isso tem de ficar em casa”, completou.
Riquelme 1 x 0 Maradona: torcida do Boca criticou o técnico
BUENOS AIRES (Reuters) – O técnico da seleção argentina de futebol, Diego Maradona, disse que está magoado com os torcedores do Boca Juniors, que o chamaram de traidor após o talentoso meio-campista Juan Román Riquelme ter renunciado à equipe portenha. Riquelme renunciou à seleção argentina na semana passada, após receber críticas a seu jogo do técnico Maradona.
– Me dói na alma que alguém me denomine como traidor – disse Maradona à emissora de rádio Mitre.
– As pessoas têm o direito de supor o que quiserem. Eu expliquei que convoquei Riquelme (para a eliminatória sul-americana), mas que eles entendam isso como quiserem e eu não posso fazer nada, e sim seguir o meu caminho – explicou.
O ex-jogador, que fará sua estreia em partidas oficiais como técnico da seleção no dia 28 de março, no jogo contra a Venezuela, em Buenos Aires, disse que se surpreendeu com a atitude, embora compreenda o amor dos torcedores do Boca com Riquelme.
– Eu não esperava a reação das pessoas, mas não as culpo. O jogador sempre terá razão, porque é ele que dá satisfação ao torcedor. Não entrarei em uma guerra que não serve para nada – disse Maradona.
A torcida do Boca Juniors deixou claro, no último domingo, o apoio à decisão do meia Riquelme de abandonar a seleção argentina. Sob os gritos de “Román é do Boca, do Boca e de ninguém mais”, os fãs aclamaram o jogador durante toda a vitória por 3 a 0 sobre o Argentinos Juniors, em La Bombonera, pelo Torneio Clausura.
Após receber críticas do técnico Maradona, na semana passada, Riquelme anunciou que não vestiria mais a camisa da Argentina. A partir daí, ficou no ar a pergunta: do lado de qual dos dois ídolos ficará a torcida do Boca? Questão já respondida, com direito a gritos de “a seleção, a seleção vai para a p… que lhe pariu”.
“Foi incrível, será um dia inesquecível, emocionante. A torcida me deu apoio e carinho. Eles sabem que dou meu máximo. É meu clube, minha camiseta e tentarei fazer o melhor para lhes dar mais alegrias”, disse Riquelme, emocionado, após o jogo.
Ciente de que estava atrás na preferência dos torcedores, Maradona não assistiu ao jogo no estádio. Seu camarote estava vazio, sem ter sequer a presença de convidados. Já o de Riquelme, logo acima, ficou lotado. Uma faixa – homenagem de seus filhos – resumiu o tom da noite: “Papai, para nós você é o dez”.
Maradona e Riquelme não estão falando a mesma língua
A outrora tranquila relação entre o técnico da Argetina, Maradona, e o apoiador Riquelme, do Boca Juniors, parece dar sinais de desgaste.
Segundo informações publicadas pelo jornal “Olé”, o treinador telefonou para o atleta cinco vezes, deixou recados, mas não recebeu uma resposta. O Pibe teria considerado a atitude um desrespeito, e quer falar com o camisa 10 antes de convocá-lo novamente.
“Se nós próximos dias eles puderem falar e resolver tudo, será tranquilo. Porém, se Riquelme seguir sem atender o telefone, Maradona não vai convocá-lo”, disse o jornal.
Em declarações dadas ao um canal de TV argentino, o técnico da seleção deu a entender que há problemas de comunicação entre ambos e também criticou as últimas atuações do craque.
– Tenho uma conversa pendente com Riquelme. Preciso que ele seja o homem da ligação, mas que tenha a rapidez de raciocínio para servir os atacantes e também chegar na frente. Caso contrário, não me serve – afirmou.
Na noite de ontem, depois de ouvir seus familiares, Riquelme declarou que não quer mais jogar na Seleção da Argentina, muito menos conversar com Maradona.
O Boca de Riquelme é o “papão” da década na Libertadores com quatro títulos
Os times brasileiros que estão na disputa da Copa Libertadores deste ano terão pela frente um adversário argentino que costuma complicar a vida dos clubes do Brasil em suas participações. Nas 13 vezes que equipes do país conquistaram o título sul-americano, o Boca Juniors só esteve presente em duas.
A primeira delas aconteceu em 1963, quando o Santos de Pelé conquistou o bicampeonato da competição e bateu justamente o Boca Juniors na grande final. Em 2005, quando o São Paulo foi tricampeão, o clube argentino caiu nas quartas-de-final diante do Chivas Guadalajara.
Além disso, com um título a menos que seu conterrâneo Independiente de Avellaneda, o Boca Juniors soma segundo maior número de títulos da competição com sete conquistas.
Na última década, o Boca Juniors detém a hegemonia da competição sul-americana. Depois da conquista do Palmeiras, em 1999, o Boca alcançou a marca de quatro títulos (2000, 2001, 2003 e 2007), além de chegar à final em 2004, quando foi derrotado pelo Once Caldas da Colômbia. Destes triunfos, três foram em cima de brasileiros: em 2000 contra o Palmeiras; em 2003 contra o Santos de Diego e Robinho; e 2007 diante do Grêmio.
Em 2008, o Fluminense conseguiu vingar os brasileiros e derrotar o Boca Juniors nas semifinais da Libertadores, porém, o time carioca foi superado pela LDU do Equador na grande final do torneio.
Neste ano, será a vez de Sport, São Paulo, Cruzeiro, Palmeiras e Grêmio tentarem diminuir a marca diante do Boca Juniors. O time argentino está no Grupo 2, ao lado de Deportivo Cuenca (EQU), Deportivo Táchira (VEN) e Guarani (PAR).
No duelo entre Brasil e Argentina, os hermanos têm ampla vantagem. De 1960 para cá, os argentinos levantaram a taça 22 vezes, contra as 13 oportunidades dos brasileiros.
Os argentinos conquistaram títulos com Independiente (sete títulos), Boca Juniors (sete), Estudiantes (três), River Plate (dois), Racing (um), Argentino Juniors (um) e Vélez Sarsfield (um). Enquanto isso, os brasileiros respondem com Santos (dois), Cruzeiro (dois), Flamengo (um), Grêmio (dois), São Paulo (três), Vasco (um), Palmeiras (um) e Internacional (um).
