Pia Sundhage fala sobre demissão, relembra eliminação na Copa e diz acreditar no Brasil na final em Paris
   21 de janeiro de 2024   │     17:00  │  0

Imagem ilustrativa da notícia Pia Sundhage é demitida da Seleção Brasileira Feminina

Treinadora revela tristeza com o que aconteceu no dia da sua demissão e comenta sobre o que poderia ter feito diferente contra a Jamaica: “Fiquei me perguntando se poderia ter feito isso ou aquilo”.

Pia Sundhage, (foto acima/CBF), queria continuar à frente da seleção braileira. Mas, depois da queda precoce e surpreendente na primeira fase da Copa do Mundo de 2023, a treinadora acabou demitida pela CBF no final de agosto. Agora à frente da seleção suíça, a técnica conversou com exclusividade com o ge e comentou como foi sua saída do cargo e o que poderia ter feito a mais para que a saída do Mundial não tivesse ocorrido daquela forma com um empate sem gols diante da Jamaica na terceira rodada da primeira fase.

– Eu estava determinada a continuar e cumprir meu contrato e até as Olimpíadas. Primeiro de tudo porque foi uma jornada fantástica. Aprendi muitas coisas em uma cultura diferente, com diferentes jogadoras. Claro que foi devastador que não marcamos gols (contra a Jamaica). Gostaria de ter continuado para provar que esse time é muito melhor quando se fala de resultados, deveriam vencer a Copa do Mundo. Continuar a analisar a Copa do Mundo porque estávamos tentando preparar para as Olimpíadas, o que precisávamos fazer e colocar mais horas (treinos) no ataque. Como você sabe, tive um encontro com o presidente (da CBF, Ednaldo Rodrigues) e ele só me demitiu – afirmou a técnica.

Sobre o momento da reunião na sede da entidade, a treinadora disse que preferia mostrar respeito pela conversa, mas garante ter ficado triste com o que ocorreu naquele dia. Nas palavras dela, “foi cruel”.

– Sabe, para mostrar respeito sobre essa conversa. Sabe, você não está vencendo, você não vai continuar. Não foi o que foi dito naquela sala. Foi cruel. Três pessoas e o presidente. Para mostrar respeito por essa pequena reunião eu não vou revelar o que foi dito. Eu sinto muito e fico triste que aconteceu.

A treinadora ainda comentou se, pessoalmente, poderia ter feito algo mais para mudar a situação do jogo em Melbourne, na Austrália. Ela salientou que não iria fazer algo na partida sem ter certeza sobre a ação. Ela comentou sobre fazer alterações mais cedo, mas justificou:

– Claro, há detalhes. Fiquei me perguntando se poderia ter feito isso ou aquilo. Eu não iria colocar uma coisa sem ter certeza absoluta sobre isso. Teve o debate no banco, mandar a campo novas jogadoras. Fomos bem sucedidos anteriormente com isso quando jogamos contra o Canadá ou Inglaterra com substituições no final. É lógico e a resposta mais fácil seria “poderíamos ter feito mais cedo”. Mas você tem algumas crenças. Mantém as que marcaram gols no campo, dando quem sabe uma segunda chance. Não tenho “a coisa” que poderia ter feito. Talvez pequenas coisas – disse Pia.

Por diversas vezes, em suas coletivas como técnica do Brasil, Pia disse que acreditava que a Seleção seria imbatível em um curto tempo. Questionada novamente sobre a opinião depois da passagem pelo país, a treinadora garantiu que ainda acredita nisso e vê o Brasil com grandes possibilidades de chegar à final do torneio de futebol feminino nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

A atual comandante da seleção feminina da Suíça afirmou ainda sobre qual legado deixou no país. Para ela, foi a troca com as pessoas sobre futebol feminino. Conversas e perguntas para a evolução da modalidade. Ela espera agora que Arthur Elias tenha a mesma oportunidade.

Arivaldo Maia com Cíntia Barlem – Jornalista e comentarista de futebol feminino do Grupo Globo.