Apesar de destituído da presidência da CBF, Ednaldo estará na reunião do Conselho da Fifa — (Foto: Joilson Marconne / CBF)
Ex-presidente afastado por decisão judicial representará o país como membro da Conmebol.
Denúncias de gastos não autorizados com viagens dos filhos ao Rio de Janeiro, dinheiro gasto com indenização extrajudicial a pilotos do jato particular da CBF dias antes de deixar o cargo… aumentam a cada dia as denúncias contra o ex-presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, destituído por decisão judicial.
Mas, enquanto não se elege o novo mandatário, fica a pergunta: será o interventor José Perdiz o representante da entidade na reunião do Conselho da Fifa que será realizado em Jidá, na Arábia Saudita, no dia 20? A Fifa comunicou que não, mas ainda não se sabe, ao certo.
Lembrando que o tal Conselho é o órgão mais importante da Fifa, responsável pelas principais decisões do futebol mundial. Dele fazem parte 36 membros: o presidente Gianni Infantino, oito vices representando as seis confederações continentais e 28 membros de países que compõem as federações afiliadas.
Assim: as confederações da Europa (Uefa), África (CAF) e Ásia (AFC) têm cada uma a vice-presidência e seis cadeiras entre os membros; América do Sul (Conmebol) e América do Norte (Concacaf) uma vice e quatro cadeiras; e a Oceania (OFC), uma e duas, respectivamente.
Até terça-feira (13), véspera do embarque da delegação do Fluminense para a disputa do Mundial de Clubes, o lugar de Ednaldo estava reservado como espécie de “chefe da delegação” tricolor. E faria parte da comitiva da CBF que apresentaria ao Conselho detalhes da candidatura do Brasil a país-sede do Mundial Feminino de 2027 – Bélgica, África do Sul e Estados Unidos/México também postulam.
Fazia parte dos planos convencer os membros da escolha do Brasil por aclamação baseado na premissa de que a América do Norte fará a Copa masculina em 2026, e África e Europa a de 2030.
Ocorre que com o afastamento do presidente pouco se sabe sobre quem defenderá o projeto em nome do país. Uma coisa, porém, é certa: Ednaldo estará presente ao evento. O baiano tem lugar fixo no Conselho da Fifa (antigo Comitê Executivo) por ter sido aclamado como membro permanente em uma das quatro cadeiras da Confederação Sul-Americana.
A escolha foi feita durante o 77º Congresso Ordinário da Conmebol realizado no Rio, no último dia 3 de novembro. Os outros três membros são Ramón Jesurún, da Colômbia, Maria Sol Muñoz, do Equador, e Ignácio Alonso, do Uruguai.
No comunicado assinado por representantes da Fifa e da Conmebol e enviado ao secretário geral da CBF, Alcino Reis Rocha, as entidades avisam que de acordo com o Artigo 64 do estatuto da própria CBF em caso de vacância simultâneas em cargos da presidência (presidentes e vices) “a única pessoa autorizada a representar a CBF e assumir as funções de presidente interino é o diretor mais idoso da CBF, que em nosso entendimento é Sr. Hélio Santos Menezes, diretor de Governança e Compliance da CBF.” Ou seja: mais um pepino a ser descascado pelo interventor José Perdiz.
Será constrangedor para o futebol brasileiro ter num dos mais importantes eventos da Fifa, onde se discute os acordos para a realização das principais competições oficiais, da entidade, a presença de um representante do segundo escalão da CBF e um presidente afastado do cargo pela Justiça do país. Retrato fidedigno de uma instituição cujo últimos cinco presidentes eleitos deixaram o cargo antes do término previsto para o mandato. Como bradava Bóris Casoy: “Isso é uma vergonha!”
Arivaldo Maia com Blog de Gilmar Ferreira – Redação do EXTRA