Auturori aceitou comandar o Cruzeiro na reta final da Série A
   18 de novembro de 2023   │     23:50  │  0

Paulo Autuori, como Felipão e Tite, reconsiderou a decisão anunciada com relação à carreiraPaulo Autuori, como Felipão e Tite, reconsiderou a decisão anunciada com relação à carreira — (Foto: Divulgação / Cruzeiro)

Técnico atende ao chamado do Cruzeiro e revê a decisão de não dirigir mais clubes brasileiros.

A escolha da SAF – Cruzeiro, convencendo Paulo Autuori a acumular a função de diretor com a de treinador para os últimos seis jogos no Brasileiro, me pareceu mesmo a mais sensata pela ótica do clube: o experiente técnico, vencedor no próprio Cruzeiro, escudará o pouco conhecido Fernando Seabra, do sub-20, e a comissão técnica formada por profissionais fixos do clube dará sequência ao trabalho que vinha sendo desenvolvido por Zé Ricardo e seus auxiliares.

Até aí, tudo bem. Na coletiva de reapresentação, Autuori deu aula sobre “trabalhos sistêmicos” e, hermeticamente, tentou mostrar que a permanência do clube na Série A (se vier!) terá de vir como fruto de um conjunto de ações que já estavam sendo trabalhadas nos pilares que sustentam um projeto esportivo: as partes técnica, tática, física e mental. Ou seja: o máximo que os baderneiros conseguiram na Vila Capanema foi afastar o técnico Zé Ricardo, o trabalho será o mesmo.

Aliás, fizeram mais: puseram o clube sob o martelo do STJD, que o afastará da torcida num momento crucial. Na prática, os jogadores seguirão sob diretrizes traçadas no plano estratégico para um elenco montado ao longo dos últimos dois anos. Isto é: o Cruzeiro não irá se reinventar, revendo plano de jogo, fabricando “salvadores da pátria” no sub 20 ou coisa que o valha. Vai, sim, aprimorar os fundamentos para ser mais eficaz nos arremates.

Coisa simples, balizadas quando se tem convicção nas escolhas – desde a montagem do elenco com o dinheiro disponível à elaboração das metas a serem alcançadas. Os treinadores, portanto, não podem ter o trabalho julgado por uma bola que explode no travessão, um pênalti perdido ou por uma derrota que nasce da expulsão infantil ou de um equívoco da arbitragem. E se formos levar ao pé-da-letra é o que ocorre com muitos dos técnicos demitidos por maus resultados.

Enfim, só não consigo entender a precipitação de técnicos tão cheios de sabedoria ao garantir o final da carreira à beira de técnico quando sabem que, por um ou outro motivo não cumprirão.

Autuori me disse em julho, e voltou a dizer agora, que não trabalharia mais como técnico no Brasil. Entendo a excepcionalidade e as razões que o levam a rever a decisão. Mas, como fizeram Tite e Felipão em recentes escolhas, Autuori é outro a mostrar que treinadores são mutantes como eu e você.

E não há certo ou errado nisso.

O futebol é labirinto sem saída – até o dia em que as derrotas sufocam o indivíduo…

Arivaldo Maia com Gilmar Ferreira – Redação do EXTRA – Rio de Janeiro