Após protesto de jogadoras, Federação Espanhola cria Departamento de Igualdade
   13 de outubro de 2023   │     1:00  │  0

Espanha venceu a Inglaterra e se tornou campeã da Copa do Mundo pela primeira vezEspanha venceu a Inglaterra e se tornou campeã da Copa do Mundo pela primeira vez — (Foto: Franck Fife/AFP)

Relação entre atletas e a RFEF é conturbada desde antes da Copa do Mundo, e caso Rubiales forçou mudanças estruturais.

A decisão das 89 jogadoras espanholas de pedirem para não serem convocadas para a seleção da Espanha após a Copa do Mundo, em que sagraram-se campeãs, continua a trazer mudanças para a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF). Além da demissão do presidente, Luis Rubiales, após forçar um beijo na atacante Jenni Hermoso, e de Jorge Vilda, com quem as atletas não mantinham boa relação desde antes do Mundial, a entidade agora anunciou a criação de um Departamento de Igualdade.

O objetivo do departamento, segundo o comunicado oficial, é de “reforçar essa nova etapa da área social, dando absoluta priridade. O compromisso adquirido pelo presidente da RFEF, Pedro Rocha, é de avançar e desenvolver políticas de apoio que permitam alcançar uma igualdade real neste esporte”.

Outra demanda das atletas, que assinaram uma carta junto ao sindicato Futepro, era da reformulação do departamento de comunicação. O pedido aconteceu depois que falsas declarações foram atribuídas a Jenni Hermoso, em que a atleta teria dito que o beijo forçado por Rubiales seria consensual, algo que ela negou através de suas redes sociais, afirmando que se sentiu vítima de uma violência sexual.

Agora, o departamento se divide em duas áreas. A área da comunicação institucional será dirigida pela atual diretora de responsabilidade social e sustentabilidade (ESG), Marisa Gonzáles. Já o setor da comunicação desportiva ficou sob o comando do atual subdiretor de comunicação, Enrique Yunta.

Caso Rubiales

Na terça-feira, Hermoso falou publicamente sobre o caso que aconteceu na final do Mundial. Em um evento no México, ela foi homenageada pelo seu clube, Pachuca, e passou a fazer parte do Hall da Fama do clube. A jogadora de 33 anos argumentou que, ao ganhar o título mundial, a seleção espanhola se tornou “uma das melhores equipes da História”, mas que “conseguiu algo muito mais humano, transcendental”. Disse ainda que a conquista era “a única forma de sermos escutadas, respeitadas e valorizadas”.

No discurso, Hermoso afirmou que está segura de que “milhões de meninas ao redor do mundo se sentiram identificadas e protegidas por este grupo de jogadoras valentes, comprometidas e honradas”. E que “nós sacrificamos algumas alegrias e celebrações” e “sofremos além da conta em um momento histórico”.

Antes de voltar ao México, Hermoso depôs na Espanha sobre o episódio do beijo forçado. Ela disse às autoridades, segundo revelado pelo canal Telecinco, que foi pega de surpresa e não soube como reagir:

— A primeira coisa que disse quando o abracei foi que tínhamos conseguido. A única coisa que me lembro é ele me dizer: ‘Esta Copa ganhamos graças a você’. O que lembro depois são as suas mãos na minha cabeça e o beijo na boca.

No depoimento, a meio-campista lamentou o fato de ainda lidar com a repercussão do caso e ter tido sua saúde mental e vida pessoal afetadas pelo episódio de abuso:
— Não mereço estar vivendo tudo isso. Tem sido muito difícil não poder sair de casa, tive que sair de Madri para não sofrer essa pressão. Por que tenho que estar chorando em casa se não fiz nada?

Arrivaldo Maia com Redação do EXTRA