Luca Kumahara deixará seleção feminina e antecipa ida para o masculino
   16 de maio de 2023   │     19:00  │  0

Luca Kumahara em disputa na Espanha no tênis de mesa — Foto: Alba Pacheco

Luca Kumahara em disputa na Espanha no tênis de mesa —(Foto: Alba Pacheco)

Atleta com três olimpíadas se despedirá da seleção feminina no Mundial de tênis de mesa após mudança de comando. Ao voltar da competição, dará início à transição hormonal: “Ansiedade grande”

Fim de um ciclo. Mudança de planos. Realização pessoal. Luca Kumahara reunirá as três coisas nas próximas semanas. Depois de ser o primeiro atleta publicamente transgênero do tênis de mesa, o brasileiro se despede da seleção feminina da modalidade no Mundial, que será realizado na África do Sul, de 20 a 28 de maio. A despedida, no entanto, não é do esporte, já que Luca dará início a hormonização e, na sequência, jogará no masculino.

– Meu próximo torneio na África do Sul vai ser minha despedida do feminino. Eu vou finalizar minha carreira no feminino nesse campeonato. Vai ser o meu último torneio – revela Luca em entrevista exclusiva ao ge.globo.

Impactadas diretamente com a decisão de Luca, as parceiras de equipe disseram que apoiariam o mesatenista independentemente da decisão. Ressaltaram a importância de Luca na equipe, tentaram convencê-lo a ficar, mas respeitaram a saída. A vontade de hormonizar falou mais alto.

– Todas as decisões da minha vida foram de acordo com a minha vida profissional no tênis de mesa. Talvez seja o momento deu priorizar o meu pessoal. Eu já deixei essa coisa da identidade de gênero, de assumir minha identidade de gênero. Ela ficou de lado muito tempo por causa do tênis de mesa. Estou com quase 28 anos e já vivi quase 20 anos da minha vida jogando tênis de mesa e fazendo tudo de acordo com isso. Então talvez eu tenha o direito de fazer isso nesse momento. De dar esse passo, de priorizar o meu pessoal, de ser feliz além do esporte.

– Eu estou sentindo uma ansiedade por hormonizar, por começar essa nova etapa da minha vida, de começar a competir no masculino, de ver como as coisas vão rolar. Estou muito animado. Estou muito feliz. De certa forma eu tirei um peso das minhas costas também. Hoje eu estou vendo, como já tomei a decisão, estou vendo o outro lado. Está chegando. Falta muito pouco. E, realmente, essa decisão está tomada. É praticamente impossível voltar atrás. O ânimo que eu estou sentindo, a ansiedade é muito grande, a felicidade. Estou feliz com a minha decisão, muito leve, muito bem. Não tenho dúvidas que é isso que eu quero. Isso faz minha decisão ser 100% sim.

Arivaldo Maia com Giovana Pinheiro – Redação do ge – Rio de Janeiro