O que mudou? Entenda por que a Argentina chega tão confiante à Copa do Mundo
   21 de novembro de 2022   │     15:00  │  0

De Paul em treino da Argentina nesta sexta-feira — Foto: Divulgação/Argentina

De Paul em treino da Argentina na última sexta-feira — (Foto: Divulgação/Argentina)

Longa invencibilidade e coadjuvantes de luxo reforçam esperança de título.

Poucos países chegam tão confiantes à Copa do Mundo do Catar quanto a Argentina.
Além de ter um dos principais jogadores da história no plantel, os torcedores confiam coletivamente na equipe formada pelo técnico Lionel Scaloni, que desembarcou em Doha sustentado por uma longa invencibilidade.

A Scaloneta, apelido dado ao elenco de Scaloni, não perde há 36 jogos. Desde a semifinal da Copa América de 2019, contra o Brasil, o time bicampeão do mundo segue invicto. Há empolgação em todos os setores e esperança de potencialização do talento de Messi.

No gol, Emiliano Martínez trouxe a segurança há tempos procurada pela seleção. Na defesa, Romero cresceu na Inglaterra e se junta a um veterano e respeitado Otamendi. No meio, De Paul e Paredes dão suporte a Di María e Lautaro Martínez.

Apostas do banco de reservas, como o jovem Julián Álvarez, que tem embalado no Manchester City, credenciam a Argentina ao grupo dos favoritos.

– É uma sequência de fatores que levam a essa expectativa. A equipe tem uma forma de jogar, atletas de grande nível como Messi, Di María e Lautaro, além de outros que subiram de nível. É um grupo que hoje está bem animicamente, é um grupo unido e feliz – afirma Lucas Gatti, jornalista argentino que está no Catar.

Sem Messidependência

Julio Chiappeta, jornalista ex-Clarín e um dos profissionais de imprensa mais próximos de Maradona em vida, vê o fim da Messidependência como um fator preponderante para a confiança elevada sobre a Scaloneta.

– A Argentina tem uma equipe que joga para uma equipe, não para Messi, como em outras oportunidades. Messi não é salvador, e a Argentina não tem que jogar para Messi. Isso foi fundamental no efeito da comissão técnica. Messi faz boas associações com De Paul, Lautaro…

– O grupo está bem, com o ânimo nas nuvens, mas sem excesso de confiança. Messi é a bandeira e está em forma ideal no físico, no futebol e no emocional, os três pilares importantes – acrescenta.

Renovação e proximidade

Boa parte de uma geração marcada por derrotas em decisões acabou ficando para trás, e novos nomes, como De Paul, Lo Celso (fora da Copa por lesão) e Martínez, assumiram papeis importantes para apoiar Messi e quebrar quase três décadas de jejum com a conquista da Copa América de 2021.

– Não há um único fator. A “velha guarda” ficou para trás, com Higuaín, Mascherano, Biglia, Sergio Romero, Rojo, e deu espaço a talentos que transitam entre 23 e 27 anos, sem deixarem de estar respaldados por um Messi mais maduro e um Di María que se reconciliou com o melhor rendimento na Copa América. O produto renovação gerou empatia – comenta Nico Berardo, jornalista do “Olé”.

– O título da Copa América é o segundo aspecto que gera expectativa: a quebra do jejum de 28 anos sem títulos. A Argentina, com Messi, conseguiu ganhar a final do Brasil. E essa conquista foi referendada com a vitória na Finalíssima (3 a 0 contra a Itália, campeã da Eurocopa) – acrescenta.

Nico Berardo ainda aponta a identificação como algo importante para a atual relação entre torcida e time.

– Esse time inclui jogadores que brilharam há pouco tempo em seus clubes na Argentina, como Lautaro e De Paul no Racing, Correa no San Lorenzo, Paredes no Boca, Tagliafico no Independiente, Mac Allister no Argentinos Juniors, Palacios e Julián Álvarez no River. Isso produz um efeito de proximidade – opina.

Há 20 anos, a Argentina liderou a eliminatória e encantava sob o comando técnico de Marcelo Bielsa. Diante dos europeus, o time somou resultados positivos contra Espanha, Itália e Alemanha. Na Copa, porém, veio a completa decepção.

A Argentina possuía um elenco repleto de jogadores importantes, com o luxo de nomes como Gallardo e Crespo no banco de reservas. Na Coreia do Sul e Japão, porém, o time sofreu com a eliminação precoce depois de vencer na estreia (1 a 0 sobre a Nigéria), perder da Inglaterra (1 a 0) e empatar com a Suécia (1 a 1).

Copa América foi fundamental para melhorar o ânimo do grupo de Scaloni — Foto: AFP

Copa América foi fundamental para melhorar o ânimo do grupo de Scaloni — (Foto: AFP)

Arivaldo Maia com José Edgar de Matos – Redação do ge –  Doha, Catar