Destaque brasileiro na Bundesliga, Paulo Otávio sonha em jogar Copa do Mundo, seja por Brasil ou Alemanha
   22 de março de 2021   │     17:10  │  0

Paulo Otávio (número 6) é um dos destaques do Wolfsburg, surpresa do Campeonato AlemãoPaulo Otávio (número 6) é um dos destaques do Wolfsburg, surpresa do Campeonato Alemão (Foto: RONNY HARTMANN / STR)

Paulo Otávio parece ser uma pessoa bem resolvida. Faz terapia há três anos para não “encher a cabeça” da esposa Rafaela, às voltas com os cuidados com o primeiro filho do casal, Paulo Sérgio, de 1 ano e quatro meses. Aos 26 anos, vive o que considera o melhor momento de sua carreira. É titular da lateral esquerda do Wolfsburg, surpresa do Campeonato Alemão, terceiro colocado.

O jogador acumula bons números na competição, especialmente em termos defensivos, está de olho em uma seleção para defender e espera que estejam o olhando de volta. Ao mesmo tempo em que se vê em condições de ser chamado por Tite, não descarta defender a Alemanha depois de se naturalizar, o que deve acontecer em dois anos. Seu objetivo mesmo é jogar uma Copa do Mundo.

Qual é o segredo do Wolfsburg nessa temporada?

Não é bem um segredo. Toda equipe que entende a maneira do treinador de trabalhar, é mais fácil de ter sucesso. Depois do primeiro ano com Oliver Glasner, em que tivemos muitas oscilações, esse ano entendemos melhor a maneira dele de jogar. Nossa equipe também não teve uma estrutura muito abalada de uma temporada para outra. Todos na equipe correm para frente. Esse é o nosso espírito.

O como está sendo esse ano para você?

É muito especial. No meu primeiro ano aqui, cheguei e li muito que eu seria apenas o reserva da lateral. Depois de algum tempo lendo isso, isso começou a me afetar. Desde que comecei a jogar, obtive a sequência que eu queria. Eu sinto hoje que as pessoas me olham com um pouco mais de respeito. Não sou mais o jogador que veio da segunda divisão.

Qual é a sua história antes do Wolfsburg?

Vivi anos de altos e baixo, tive de abaixar muito o nariz. Todo jogador brasileiro, quando sobe ao profissional, acaba se deslumbrando. Comecei no Atlhetico e quando cheguei aos profissionais, meu ego subiu um pouco. Fui para o Coritiba, passei pelo Paysandu, pelo Santo André e cheguei ao Tombense com 21 anos. Eu não queria ficar pulando de clube em clube. Queria uma oportunidade sólida. Aquela era minha última cartada. Fiz um bom trabalho lá e veio a proposta da Segunda Divisão da Áustria.

Costumo dizer que não gosto da zona de conforto. Vi a transferência como uma baita oportunidade. Quando mudei para o Lask, não sabia nada de alemão e nem de inglês. Só sabia o “my name is” (risos). Tive muitas pessoas que me ajudaram lá, fomos campeões e depois fui para o Ingolstadt 04, da Alemanha. Foram dois anos lá e no último fomos rebaixados para a terceira divisão. Fui rebaixado e o meu técnico na Áustria (Oliver Glasner) tinha se transferido para o Wolfsburg e queria me levar para lá. Ninguém esperava por isso. Caí para a terceira, mas me transferi para a primeira divisão.

Sonha em jogar uma Copa do Mundo?

Tenho mais dois anos para me naturalizar alemão. Nunca tinha alcançado esse nível na carreira, então quando perguntavam sobre seleção, nunca falei muito. Mas agora eu sinto que estou pronto. Vai ser natural acontecer, pelo momento que estou vivendo, a boa fase do time. Estou sendo destaque em alguns jogos, entrando em seleções da rodada. Fui finalista no prêmio do melhor do mês em fevereiro. Alguém deve estar vendo isso tudo com atenção. A intenção é jogar uma Copa do Mundo. Defendendo meu país será lindo. Mas se eu tiver um convite da Alemanha, não digo que não aceitaria.

É dificil jogar contra o Haaland?

Ele é incrível, tem uma capacidade de leitura de jogo, de posicionamento. E vontade dele é muito grande. Tem a mentalidade de vencedor. Ele puxa os companheiros. Joguei uma vez contra ele e vencemos. Não tive de marcá-lo porque ele cai pouco pelos lados, mas nossos zagueiros tiveram muito trabalho. Ele tem uma qualidade técnica anormal.

Quem é mais badalado na Alemanha, ele ou o Lewandowski?

É difícil. Aqui é sempre um ofuscando o outro, como era com o Messi e o Cristiano Ronaldo na Espanha. Para mim o Lewandowski ainda está em um nível um pouco acima, mas o Haaland é muito novo, ainda vai evoluir muito.

Blog com EXTRA