Simon, “o teimoso”, apesar de grande árbitro, peca por não aceitar falhas, mesmo que exibidas pela televisão
Não há árbitro mais prestigiado no Brasil nos últimos dez anos do que Carlos Eugênio Simon. O gaúcho, de 44 anos, é o principal expoente do país no apito. Nesse período, atuou em quatro finais de Campeonato Brasileiro e três da Copa do Brasil. Além disso, está prestes a ser confirmado como o representante nacional da categoria na Copa do Mundo de 2010, sua terceira consecutiva. No entanto, seu currículo de virtudes é proporcional à lista de polêmicas em momentos decisivos.
As reclamações sobre Simon têm aumentado principalmente em 2009. Em fevereiro, despertou a ira dos gremistas ao anular um gol do atacante Jonas alegando impedimento no clássico com o Internacional, em Erechim, válido pelo primeiro turno do Campeonato Gaúcho. Dois meses depois, roubou as atenções de todo o país ao falhar grotescamente na primeira final do Campeonato Cearense. Marcou pênalti inexistente em lance que o atacante Edu Sales, do Ceará, tropeçou sozinho no gramado. Pior: nos dias seguintes, concedeu entrevistas recusando-se a admitir o erro.
No começo de maio, foi considerado pela imprensa paraguaia o principal culpado pela eliminação do Libertad na Copa Libertadores. Na partida de ida das oitavas de final, contra o Estudiantes, marcou um pênalti duvidoso no lateral argentino Angeleri e ainda expulsou o zagueiro Samudio, que, inconformado, agachou com a camisa sobre o rosto e desatou a chorar. “Os árbitros brasileiros sempre nos roubam”, desabafou o meia Pouso.
“A fase dele não está boa, é uma turbulência momentânea. O Simon está trabalhando para a Copa. Está focado mais nisso do que nas competições nacionais”, admite o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Correa da Silva. Segundo o dirigente, um dos motivos para a reincidência de erros de Simon é o desgaste provocado pela proximidade do Mundial. “Ele me disse que está estressado. Passou por uma avaliação na Granja Comary, na semana passada, em que profissionais de Educação Física ficaram estarrecidos com a elevada carga de trabalho a que ele se submete.”
Simon estará ausente das próximas escalas do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil devido a mais uma etapa de treinos para árbitros pré-selecionados para a Copa. A distância dos holofotes será providencial para evitar maior desgaste. O gaúcho, formado em jornalismo e dono de boa retórica, foi orientado por Correa a evitar entrevistas e participações em programas de televisão.
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