Sete estádios da Série A iniciaram implementação de reconhecimento facial em 2023
   27 de novembro de 2023   │     12:00  │  0

O sistema de acesso por reconhecimento facial no estádio de São JanuárioO sistema de acesso por reconhecimento facial no estádio de São Januário — (Foto: Hermes de Paula)

Tecnologia permite acesso mais rápido e ajuda no combate ao cambismo e à violência, mas também oferece riscos; entenda

Para ter acesso à Ligga Arena, em Curitiba, para o jogo contra o Athletico, o torcedor do Vasco precisou parar em frente à tela instalada na catraca e passar pelo reconhecimento facial. O jogo deste sábado foi o primeiro no local com o uso do sistema, o mesmo utilizado desde setembro em São Januário. Para o Brasil, o ano de 2023 fica marcado como o do pontapé inicial na adesão à tecnologia.

Oito arenas já contam com o recurso, sendo sete na Série A.

Destes estádios, em apenas dois a biometria facial está em pleno funcionamento: no da Serrinha, do Goiás; e no Allianz Parque, do Palmeiras. Além da Ligga Arena e de São Januário, a Ilha do Retiro, o Maracanã, a Fonte Nova e a Arena MRV estão em fase inicial. A previsão é de que atinjam 100% das catracas em 2024.

Outros clubes já acenaram com a implementação. Entre eles o Cuiabá, que realizou teste com alunos de escolas públicas no jogo contra o Corinthians, na Arena Pantanal; e o São Paulo, cuja diretoria visitou o Allianz Parque para conferir a operação e saiu de lá interessada em fazer o mesmo no Morumbi.

A tecnologia se tornou mais acessível financeiramente. Os clubes não precisam comprar equipamentos e programas. Estão incluídos no serviço, normalmente cobrado através de uma taxa sobre ingressos vendidos.

—Nós oferecemos a opção de locação, que viabiliza a tecnologia para qualquer clube, não sendo necessário um alto investimento. A solução inclui todo hardware e software necessários — explica Tironi Paz Ortiz, CEO da Imply, responsável pelo reconhecimento facial em São Januário, na Ligga Arena e na Ilha do Retiro.

A Lei Geral do Esporte, sancionada em junho, tornou compulsória a adoção até 2025 para arenas com capacidade igual ou superior a 20 mil. Mas, para além de ser uma exigência, a leitura facial tem pontos positivos. Como o acesso mais rápido ao estádio e o combate ao cambismo.

— Quando instalamos no Allianz, o estádio tinha média de acesso de sete pessoas por minuto. Hoje, ela é de 18, com pico de 27 — diz Ricardo Cadar, fundador da Bepass, que opera a biometria facial do estádio palmeirense, da Arena MRV, da Fonte Nova e dos jogos do Flamengo no Maracanã (está em conversas com o Fluminense).

De todas as frentes abertas, porém, a que mais pesou para que a tecnologia se tornasse obrigatória é a de combate à violência. Isso pela possibilidade de cruzamento de dados para identificação de pessoas.

Esta é a base do programa Estádio Seguro, anunciado em setembro pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e pela CBF. Clubes e demais entidades esportivas foram convidados. Ao EXTRA, o órgão citou Flamengo, Fluminense, Goiás, Ceará, Fortaleza, Vasco e Bahia entre aqueles que já iniciaram o processo de adesão.

Parceria semelhante existe entre o Allianz Parque e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. De acordo com a pasta, já resultou em 38 foragidos capturados, 275 desaparecidos localizados, 53 detidos por descumprimento de medidas cautelares e cinco retidos por impedimento de frequentar estádios.

— Quando o punido não entra mais no estádio, a gente observa queda dos níveis de violência. Primeiro porque quase sempre são eles que estão envolvidos nas brigas. E, no médio prazo, pela inibição gerada com o fim da sensação de impunidade — defende o promotor Rodrigo Terra, da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, autor da ação que interditou São Januário e só derrubada após o clube assinar o termo em que se comprometeu, entre outras medidas, a instalar câmeras de reconhecimento facial.

Arivaldo Maia com Rafael Oliveira – Redação do EXTRA – Rio de Janeiro