Torcedor relata a jornal argentino cenas vividas dentro do Maracanã após partida contra Brasil
   24 de novembro de 2023   │     14:00  │  0

Torcidas de Brasil e Argentina dividiram espaço no setor sul do MaracanãTorcidas de Brasil e Argentina dividiram espaço no setor sul do Maracanã — (Foto: Alexandre Cassiano)

Ferido na cabeça, Eugenio afirma ter apagado durante a confusão e intimidação de policiais: “Estavam felizes e se sentiam heróis”.

Um dos torcedores argentinos que ficou em pior estado durante o caso de violência na partida entre Brasil e Argentina, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, deu um relato forte do que passou ontem no Maracanã. Após ser agredido por policiais e retirado de maca, sangrando bastante, Eugenio, um argentino que mora no Rio de Janeiro, ficou no estádio até as quatro horas da manhã de hoje e presenciou algumas cenas impactantes junto de um grupo de compatriotas.

Dando entrevista ao jornal argentino Clarín, ele relatou que chegou ao estádio sem problemas, para ver seus ídolos em campo, como Messi e Di María. Porém, durante a execução dos hinos, se viu no meio da confusão que ocorreu no setor Sul, onde estavam os argentinos. Ele se lembra de ter visto um foco de confusão repentino, a entrada do cordão policial que começou a agredi-los e, após bater a cabeça, não se recordou de mais nada.

“Levantei-me da maca dentro do Maracanã, em um hospital. Nunca saí do estádio. Minhas mãos estavam algemadas e minha cabeça estava cheia de sangue, assim como meus olhos. Eu estava detido, internado nesta espécie de sala em que eles fazem curativos. A enfermeira disse ao policial que ela tinha que me dar pontos. Eram caras que só foram bater”, disse o torcedor ao Clarín.

Presenciando cenas de repressão policial para além do que se viu nas arquibancadas do estádio, Eugenio relatou mais algumas cenas fortes, vividas juntas de um grupo de mais sete pessoas. Segundo o veículo argentino, eles só puderam sair após pagar uma multa de 200 reais.

“Saí às 4 da manhã com os outros que estavam detidos. Éramos oito no total. Tinha um com o braço quebrado, como troféus de guerra. Os mesmos policiais que nos espancaram tiraram fotos com as radiografias, ou selfies conosco, como se fossem troféus de guerra. Eles estavam felizes e se sentiam heróis”, disse.

Segundo o argentino, o que mais incomodou foi o fato de ter sido julgado “coletivamente”, como se tivessem “confrontado a polícia ou começado uma guerra lá dentro”. Ele ainda precisará fazer mais exames para garantir que não sofreu mais consequência, em decorrência do golpe que levou na cabeça durante a confusão.

Arivaldo Maia com Redação do EXTRA – Rio de Janeiro