Campeões mundiais confiam no hexa e veem seleção menos dependente de Neymar
   1 de setembro de 2022   │     17:00  │  0

Atletas campeões mundiais com a seleção brasileira têm mais em comum que o fato de terem erguido a taça mais importante do futebol mundial. Eles acreditam que são altas as chances de o Brasil encerrar o jejum e conquistar a Copa do Mundo do Catar, que tem início no fim de novembro.

O Estadão conversou com jogadores que se orgulham de poder dizer o que é ganhar um Mundial com a seleção brasileira, a única pentacampeã na história. Embora divergem em alguns pontos, Pepe, Mengálvio, Edu e Ricardo Rocha, campeões em 1958, 1962, 1970 e 1994, respectivamente, creem que o Brasil é o principal favorito no Catar.

Também pensam que, mesmo que a dependência de Neymar tenha diminuído, a conquista do hexa só será possível se o camisa 10 liderar a seleção em alto nível, algo que não foi capaz de fazer nas duas últimas Copas.

“Estou confiante. A seleção brasileira não vai decepcionar no Catar. Será uma competição difícil, mas vai dar verde e amarelo”, resume Pepe, confiante. O “Canhão da Vila”, parceiro de Pelé por anos, conhece o Catar, já que treinou o Al Ahly entre 2003 e 2005. Naquele período, foi treinador do espanhol Pep Guardiola. “Tenho certeza que o pessoal do Catar vai torcer pelo Brasil. Eles adoram o brasileiro”.

Reserva de Didi na campanha vitoriosa no Chile há 60 anos, Mengálvio, acostumado a atuar ao lado de craques históricos, lamenta a “escassez de talentos brasileiros”, mas isso não o impede de considerar que o Brasil será protagonista no Catar.

“Acredito no potencial do jogador brasileiro, principalmente em Copa do Mundo. Tenho fé e esperança no atleta brasileiro”, diz o ex-meio-campista, segundo o qual o time de Tite tem “plenas condições” de superar rivais europeus como a atual campeã França e a Alemanha, responsável pelo 7 a 1, a mais vexatória derrota brasileira em Copas. Foram seleções europeias, aliás, os últimos algozes do Brasil, eliminado por França, Holanda, Alemanha e Bélgica em 2006, 2010, 2014 e 2018, respectivamente.

Edu, ex-ponta esquerda de técnica, velocidade e boa finalização, é o mais animado entre todos, ao ponto de comparar a equipe treinada por Tite com a seleção que ganhou o tri em 1970, da qual ele fez parte.

Os times estão separados por 52 anos, mas unidos, segundo Edu, pelo talento dos atacantes e por uma semelhança curiosa. Assim como foi em 1970, neste ano a Copa será a última para algumas importantes lideranças, como Thiago Silva e, talvez, Neymar, que já avisou que o torneio no Catar pode ser a sua última chance de faturar o hexa.

“O momento que vejo hoje é parecido. Temos jogadores habilidosos e alguns vão jogar a Copa pela última vez”, compara Edu, defensor do trabalho de Tite. Para o ex-atacante, o treinador conseguiu formar um elenco equilibrado. “Temos uma seleção maravilhosa. Uma parte defensiva boa, segura, e o meio e ataque são habilidosos”.

Os ex-jogadores apontam o surgimento de pontas habilidosos capazes de dividir o protagonismo com Neymar como determinante para a evolução da seleção brasileira, dona de campanha irretocável nas Eliminatórias, a qual terminou invicta.

O início brilhante de Neymar na temporada, com oito gols e seis assistências pelo Paris Saint-Germain, anima os campeões mundiais. Conforme disse Tite ao Estadão recentemente, o craque brasileiro tem demonstrado estar disposto a liderar o grupo no Mundial, tanto que fez treinos durante as suas férias.

“O Neymar estando bem vai fazer a diferença. Temos jogadores nota. O Neymar é 10. Hoje não somos tão dependentes dele, mas ele é importante”, destaca Ricardo Rocha. A opinião do ex-defensor é endossada por Vampeta, penta em 2002. “Para o Brasil ganhar uma Copa do Mundo, o Neymar tem que estar em forma e bem”, opina.

Raphinha, Antony, Rodrygo e Vinicius Junior são os principais desses velozes e talentosos atacantes que mudaram a cara da equipe de Tite e que deixam os ex-atletas animados. “Nenhuma seleção do mundo tem essa quantidade de jogadores. É uma geração de ataque muito boa”, salienta Ricardo Rocha, tetra em 1994.

Arivaldo Maia com Redação do ESTADÃO CONTEÚDO