Técnico brasileiro é impedido de deixar os Emirados Árabes: “Situação surreal e desesperadora”
   7 de janeiro de 2022   │     17:00  │  0

Claudio Roberto Silveira ao lado do proprietário do clube, Mahmoud Alkmash — Foto: Arquivo Pessoal

Claudio Roberto Silveira, (com braços cruzados), ao lado do proprietário do clube, Mahmoud Alkmash — (Foto: Arquivo Pessoal)

Sem nunca ter assinado contrato ou recebido salário, Claudio Roberto Silveira é alvo de ação de presidente de clube baseada em vínculo de trabalho suspeito como supervisor de vendas.

O técnico de futebol Claudio Roberto Silveira completou na última terça-feira 46 anos de idade, mas não pôde comemorar o aniversário com a família. Ele está impedido de deixar os Emirados Árabes Unidos por causa de uma ação movida pelo egípcio Mahmoud Alkmash, presidente e proprietário do clube Sport Support Club, de Abu Dhabi.

Claudio Roberto está há quatro meses nos Emirados Árabes. Ele foi convidado para trabalhar no clube da terceira divisão do país em agosto do ano passado, mês em que obteve a Licença A da CBF, com oferta de contrato até junho de 2023. O vínculo seria assinado em Abu Dhabi.

Após a chegada no início de setembro, Claudio diz ter sido informado por Mahmoud Alkmash que o seu visto de trabalho seria emitido não para exercer a profissão de treinador de futebol, mas sim de supervisor de vendas da agência de viagens Marengo Travel Agent.

O ge teve acesso ao documento e verificou que o visto foi emitido com essa informação diferente (veja mais abaixo). O brasileiro alega que o processo foi feito sem o seu consentimento ou assinatura.

— Ele queria que eu aceitasse uma permissão de trabalho como supervisor de vendas. Não aceitei e não dei sequência na aplicação. Tenho carreira como treinador. Não posso chegar aqui, na prática trabalhar como técnico e nos documentos estar como supervisor de vendas. Não é correto. Passar por isso, aceitar uma situação dessa contra a minha vontade, é horrível — declarou Claudio Roberto, que já passou por diversos clubes no Brasil e no exterior e dirigiu a seleção do Sri Lanka.

Claudio afirma que Mahmoud exige mais de R$ 113,5 mil para liberá-lo. A cobrança teria como motivação a irritação do dirigente com a saída dos outros brasileiros do clube. O técnico foi informado pelos funcionários da Imigração que teria de chegar a um acordo com o antigo chefe para remover o bloqueio. Ele não recebeu documento formal sobre a ação.

— Como eu poderia ter vínculo, sem assinar nada? Ele entende que eu como treinador deveria arcar com as consequências. Como ele conseguiu fazer o visto sem a minha assinatura em contrato ou sem meu consentimento, não sei dizer. O fato é que com a cópia do meu passaporte ele conseguiu emitir a permissão de trabalho e agora me bloqueou de viajar. Como posso ser acusado de dívida e denunciado através de uma agência de viagens como supervisor de venda? (Ele) Não me pagou, bloqueou minha saída e cancelou minha passagem. Tentei um acordo por diversas vezes, mas não consegui — desabafou.

Foi uma forma que ele usou para não conseguir me deixar embarcar. Não recebi um centavo, como posso dever? Não peguei dinheiro emprestado. Não assinei documento nenhum. É uma situação surreal e desesperadora. ”

Blog com apoio do Rodrigo Lois – Redação do ge –  Rio de Janeiro