Ronaldo não mudou patamar do Valladolid e ficou ausente de jogos pré-rebaixamento, mas mantém respeito
   22 de dezembro de 2021   │     12:00  │  0

Paulo Vinicius Coelho (PVC) – Redação do ge – Rio de Janeiro

Valladolid segue sendo time de acessos e descensos, como sempre foi em 93 anos de história.

O Valladolid foi comprado por Ronaldo Nazário em 2018, concluiu a primeira temporada sob sua presidência em 16o lugar, subiu para 13o no segundo ano e caiu para a segunda divisão, em 19o lugar. As três temporadas só foram frustrantes para quem esperava que Ronaldo fosse o Abramovich do pequeno time da região autônoma de Castilla y León.

Sob seu comando, o Valladolid manteve o que fez durante toda a sua história. Nem mais, nem menos.

São 93 anos de vida, 45 temporadas na Primeira Divisão, 35 na Segunda e 10 na Terceira. A melhor colocação do Valladolid aconteceu na temporada 1962/63, quando era treinado por Antoni Ramallets, goleiro da Espanha na Copa do Mundo de 1950 e do Barcelona, bicampeão espanhol em 1959 e 1960 ao lado de Evaristo de Macedo.

Não há razão para decepção com Ronaldo, mas isto não evitou críticas. Por exemplo, por não morar em Valladolid e passar boa parte de seu tempo em Ibiza. Também por não estar presente ao estádio José Zorrilla nas partidas decisivas contra o rebaixamento, em 2021. O Valladolid foi rebaixado perdendo em casa para o Atlético de Madrid.

Ronaldo não é Abramovich, como a maior parte dos investidores de clubes da Europa não é. Pense que 16 dos 20 clubes da Premier League são controlados por empresários internacionais. Do Arsenal, do norte-americano Stan Kroenke, ao Southampton, com 80% de controle do chinês Gao Shisheng. O Burnley, atual 18o colocado, tem 84% de seu capital pertencente ao grupo norte-americano ALK e o Norwich, atual lanterna, pertence em 53% ao galês Michael Jones.

Ter um investidor não é garantia de sucesso esportivo. Boa gestão não é sinônimo de títulos de futebol. Um clube pode dar lucro a seu proprietário, ter sua contabilidade toda no azul, revelar e vender jogadores e nunca lutar por nenhum troféu.

A legislação espanhola criada em outubro de 1990 obrigou 16 clubes da Primeira Divisão a se tornarem Sociedad Anonima Deportiva. Só o Osasuna, por estar no azul nos quatro anos anteriores à entrada da lei em vigor, além de Real Madrid, Barcelona e Athletico Bilbao, por serem considerados históricos e não terem caído para a segunda divisão jamais, não precisaram fazer a migração, porque tinham contas estáveis. Desde que a lei passou a vigorar, em 1994, todos os clubes da Primeira Divisão caíram para a Segunda, exceto os três históricos e o Valencia.

Ou seja, não existe milagre.

Mas é fundamental que empresários que colocam dinheiro na Europa julguem interessante investir aqui. É o primeiro sinal de que as coisas podem evoluir. Se houver trabalho.

Nota do Blog: PVC é um dos jornalistas esportivos mais respeitados do País. Estivemos juntos em muitas transmissões internacionais. Quem me apresentou foi Warner Oliveira, seu amigo pessoal, no tempo em que ainda atuava na ESPN Brasil. Depois foi para o FOX Sports, de onde desembarcou no Globo Esporte.

Arivaldo Maia com o Blog do PVC – Redação do ge – Rio de Janeiro