Bastidores da saída de Lisca do América-MG: discussão com atacante, cobrança no vestiário e pedido de demissão anterior
   16 de junho de 2021   │     15:00  │  0

Lisca perde a voz em momento de emoção no América — Foto: Reprodução/TV Coelho

Lisca perde a voz em momento de emoção no América –  (Foto: Reprodução/TV Coelho)

Perda do Mineiro abalou psicologicamente treinador; insatisfação com resultados e bate-boca com jogador durante treinamento na última semana marcaram últimos dias.

Todo ciclo tem seu fim. O do Lisca com o América-MG se encerrou após um ano e quatro meses. Com sete jogos de jejum e sem conseguir mudar a queda de rendimento do time, ele pediu demissão no clube. Mas a saída do técnico do time mineiro se desenhou há algumas semanas. Tudo começou com a perda do Campeonato Mineiro para o Atlético-MG.

Perda do Campeonato Mineiro

No dia 22 de maio, o América-MG ficou com o vice no Campeonato Mineiro, que seria o primeiro título do treinador no comando do Coelho. O troféu escapou após dois empates em 0 a 0 diante do Atlético-MG.

No jogo final, o artilheiro da equipe, Rodolfo, desperdiçou um pênalti e houve muita reclamação com a arbitragem, deixando o treinador psicologicamente muito abatido. Entendendo que foi prejudicado e que perdeu o título de forma injusta, Lisca sentiu muito a perda.

Na mesma semana, o América viajou até Paraná para enfrentar o Athletico-PR, na estreia do Brasileirão. A partida, no dia 30 de maio, terminou em derrota da equipe, assim como jogos seguintes. Pelo que apurou o ge, o objetivo do clube era voltar de Curitiba pelo menos com o empate. Passada as três primeiras rodadas, o Coelho esperava ter, pelo menos, dois pontos somados.

Outro ponto importante foram os problemas com arbitragem ao longo da passagem pelo América. Por diversas vezes e de forma muito enérgica, Lisca cobrou e criticou erros que teve contra o América-MG.
O treinador achava que estava prejudicando o clube de alguma forma por conta desse desgaste com arbitragem. E quando se há uma perda de envolvimento com o trabalho, consequentemente o desgaste aumenta internamente.
Eliminação da Copa do Brasil e primeiro pedido de demissão

No dia 2 de junho, o América-MG recebeu o Criciúma, no Independência, pela primeira partida da terceira fase da Copa do Brasil. O jogo terminou sem gols, mas o que marcou a confronto foi o segundo pênalti seguido perdido pelo atacante Rodolfo. Após a partida, houve uma cobrança mais enérgica do treinador no vestiário o que gerou insatisfação de lideranças da equipe.

Na partida de volta, empate em 2 a 2 no tempo normal e decisão nos pênaltis. Coelho não teve um bom aproveitamento e caiu diante do Criciúma. Após a eliminação e bem desanimado com a continuidade do trabalho, Lisca chegou a pedir demissão no “calor do momento”. Foi demovido da decisão de sair pela direção do clube, que acreditava e gostava do desempenho do treinador.

Discussão e derrota para o Flamengo

O desgaste ficou ainda maior com a derrota para o Flamengo. Lisca entendeu que não conseguiria mais motivar a equipe. No dia anterior à derrota, outro problema: uma discussão com o atacante Leandro Carvalho durante o treino.

A campanha do treinador, que levou o time à semifinal da Copa do Brasil do ano passado, foi vice campeão da Série B e finalista do Campeonato Mineiro, chega ao fim com 82 jogos, 40 vitórias, 27 empates e 15 derrotas (aproveitamento de 60,4%).

O presidente Marcus Salum em entrevista coletiva nessa segunda-feira, disse que não queria a saída do técnico. Apesar do momento ruim que antecedeu o pedido de demissão, o treinador é querido pela direção do clube e o trabalho feito era considerado bom. Um resultado positivo poderia mudar toda a trajetória dos últimos dias.

Blog com Laura Rezende – ge –  Belo Horizonte