Galvão Bueno volta a narrar após 14 meses: “Claro que vou sentir frio na barriga”
   10 de abril de 2021   │     20:15  │  0

Galvão Bueno vai narrar Flamengo x Palmeiras no domingo — Foto: Divulgação

Galvão Bueno vai narrar Flamengo x Palmeiras no domingo — (Foto: Divulgação)

Neste domingo, quando Flamengo e Palmeiras entrarem em campo para decidir a Supercopa do Brasil, às 11h, em Brasília, Galvão Bueno vai fazer algo inédito em 47 anos de carreira: voltar a narrar.

– Como é voltar? Não sei. Nunca voltei. Nunca tinha parado antes – disse Galvão.

Entre a Supercopa de 2020, último evento narrado por Galvão, e a Supercopa de 2021 foram 420 dias, 60 semanas, 14 meses. O que não significa que ele tenha ficado parado. Ao contrário. Nesta entrevista, concedida na última quinta-feira, Galvão conta como atravessou esse longo período – do engajamento em campanhas para ajudar quem mais precisa à redescoberta pela paixão por cozinhar – e revela o que mais lamentou não ter narrado em 2020.

Leia abaixo parte da entrevista com Galvão Bueno:

ge: Galvão Bueno ainda sente frio na barriga?
Galvão: 
– Depois de 14 meses nesse estúdio montado em casa, eu tenho certeza que vou sentir muito frio na barriga. Porque é um retorno, é um renascimento meu, do meu trabalho, do que eu amo fazer. Gostaria apenas que fosse em outras circunstâncias.

Como é voltar a narrar?
– Como é voltar? Não sei. Nunca voltei. Nunca tinha parado antes. Comecei em 1974, estamos em 2021, nunca passei mais de 15 dias sem fazer uma narração. Então não sei. Mas é como um jogador voltando de contusão, tem que se preparar. Fiz fono, cuidei da garganta, da voz, tudo para voltar da melhor forma possível.

Como vai ser?
– Vou fazer minha primeira viagem a trabalho em 14 meses. Vou para o estúdio da Globo, em São Paulo, com toda a segurança. Vou estar lá com o Caio, o Júnior vai estar na casa dele, e a reportagem vai estar no campo.

Como você atravessou essa quarentena?
–Tentei continuar trabalhando. Na Globo, nos jogos históricos da seleção brasileira, no “Bem, Amigos!”, no Seleção SporTV, nos meus negócios pessoais e me exercitando, porque estar bem fisicamente ajuda a mente a estar bem. Eu me dediquei muito em campanhas em prol dos mais necessitados. Eu talvez tenha sido uma das primeiras vozes a falar em TV aberta: “A pandemia veio pela elite, por gente que trouxe o vírus do exterior. E quando atingir as favelas?”. O resultado está aí, mais de 340 mil mortes.

O que aprendeu?
– A ter mais paciência. E voltei às panelas, uma antiga paixão, que é cozinhar, criar coisas novas, inventar. Eu me dividi entre minha casa em Londrina e a vinícola no Rio Grande do Sul, sempre isolado.

Surgiu algum hábito novo nesse período que não vai mais ser largado?
– A consciência, a obrigação que nós, privilegiados, temos de ter com a solidariedade. Muita gente fez muita coisa, mas estaremos melhor se todos fizermos alguma coisa. Isso dominou minha cabeça.

O que ainda quer narrar?
– Quero gritar que acabou a pandemia, que estamos todos vacinados, viva a ciência, viva a vida. Isso infelizmente não dá. Ainda. Mas eu quero.

Está emocionado por voltar?
– Emocionado eu estou agora [dias antes do jogo], imagina quando colocar o fone, acender a luz da câmera, me ver no monitor. Eu não sei o que eu vou falar. Mas olha o tamanho desse jogo: de um lado o Campeão da Libertadores de 2019, da Recopa de 2019, da Supercopa de 2019, bicampeão brasileiro. Do outro o campeão da Copa do Brasil de 2020, da Copa Libertadores de 2020, com uma mão na taça da Recopa. Eu vou deixar a pergunta aqui: qual é o melhor time do Brasil hoje?

Blog com ge.globo