Vítimas do ‘modismo’, técnicos jovens perdem espaço
   24 de novembro de 2020   │     19:00  │  0

O Campeonato Brasileiro de 2020 reforça de vez uma tendência inesperada em comparação aos últimos anos. Em vez de apostar nos profissionais jovens como treinadores de seus times, os clubes estão atrás de outros perfis. Se até pouco tempo atrás os comandantes novatos eram considerados a saída para o futebol nacional evoluir, agora eles têm sido preteridos pelos mais experientes e pelos estrangeiros.

O Estadão realizou um levantamento nas edições do Brasileirão desde 2015 e avaliou todos os técnicos efetivados que comandaram as 20 equipes de cada temporada. Os profissionais foram divididos em três categorias: uma só para os estrangeiros e as outras duas voltadas para brasileiros, mas divididos entre profissionais com menos ou mais de 50 anos.

Apesar de nesta temporada 14 técnicos brasileiros que trabalharam na Série A serem da turma dos novatos, somente seis continuam, considerando-se as 21 primeiras rodadas: Fernando Diniz (São Paulo, 46 anos), Rogério Ceni (Flamengo, 47), Odair Hellmann (Fluminense, 43), Jair Ventura (Sport, 41), Maurício Barbieri (Red Bull Bragantino, 39) e Rodrigo Santana (Coritiba, 38). E há dois jovens estrangeiros: Abel Ferreira (Palmeiras, 41) e Ricardo Sá Pinto (Vasco, 48).

Neste ano os técnicos brasileiros com menos de 50 anos correspondem a 40% do total, um número menor em comparação aos 46% de 2015. Naquela época, o futebol brasileiro vivia a ressaca da Copa de 2014 e o discurso era a necessidade de renovação dos treinadores.

“É tudo um modismo. Já houve a época dos treinadores jovens, da efetivação dos interinos, da demanda pelos experientes e agora é pelos estrangeiros. É o momento que dita a demanda do mercado”, avaliou o técnico do Atlético-GO, Marcelo Cabo, de 53 anos.

Nessas últimas temporadas, além de 2015 um outro ano apresentou elevada presença de treinadores novatos. Em 2018 a eles chegaram a corresponder por 46% de todos os profissionais. Um ano antes, o Corinthians de Fábio Carille (então com 44 anos) foi campeão brasileiro e logo depois outros clubes resolveram também apostar em jovens. O Atlético-MG efetivou o auxiliar Thiago Larghi, o Santos trouxe Jair Ventura, o Botafogo assinou com Alberto Valentim e o Palmeiras fechou com Roger Machado.

Entre alguns clubes existe o discurso de que o ano atípico tem feito as equipes preferirem os mais experientes. A necessidade de lidar com calendário apertado e desfalques por coronavírus tem levado as diretorias a escolher nomes consagrados.

Blog com Terra Esportes