Casos de COVID-19 agitam bastidores do Flamengo
   10 de maio de 2020   │     0:03  │  0

A notícia dos 38 casos positivos para COVID-19 chacoalhou o ambiente no futebol do Flamengo. O desconforto de quem atua no dia a dia do Ninho do Urubu ficou mais evidente nos bastidores com a confirmação de que aproximadamente 13% do total das 293 pessoas testadas entre atletas, funcionários, dirigentes e familiares já tiveram contato com o vírus que assola o mundo.

A falta de condições para retorno imediato às atividades é opinião que encontra reflexo em ampla maioria. A diretoria rubro-negra entende que o retorno aos treinamentos ficou bem difícil no curto prazo diante dos resultados dos testes. Mas há quem acredite – e defenda – em um pontapé inicial após o fim dos decretos de isolamento social de Governo e prefeitura, já na próxima semana.

Agora o clube calcula os passos a seguir e já encomendou novos kits de testagem para realizá-los de forma periódica. Antes do retorno ao dia a dia do Ninho uma nova bateria de testes será necessária.

Os últimos dias foram de aflição, reuniões e expectativa por informações sobre os resultados entre funcionários, atletas e dirigentes. A morte do massagista Jorginho devido a complicações da doença foi um baque. Nesta quarta-feira desde a tarde já circulava nos bastidores a informação de que alguns jogadores teriam o resultado de positivo em mãos.

O sigilo foi absoluto, já que dias antes ao menos quatro funcionários já tinham sido diagnosticados com o novo coronavírus. No fim da noite, em nota oficial, o clube informou que entre as 38 pessoas com laudo positivo, todas assintomáticas, 25 são familiares de jogadores ou funcionários, seis do grupo de apoio ao clube e dois funcionários de empresas terceirizadas que prestam serviços regulares no CT.

Três atletas do elenco estão entre os diagnosticados com coronavírus e dois apresentaram anticorpos IgG positivos. Ou seja, já tiveram um contato anterior com o vírus, caso de 11 pessoas no total do grupo testado. Depois da chamada janela imunológica, geralmente de uma semana, o clube vai repetir os exames para observar evolução ou ter detecção de novos casos.

Os testes ocorrem em duas fases. A primeira é a do chamado PCR. Consiste em coleta – chamada swab – de material na faringe através das vias nasais e identifica se o vírus está presente no organismo, o que geralmente ocorre a partir do terceiro dia após infecção. A segunda é a de sorologia, um exame de sangue que indica se o paciente já apresenta um entre dois tipos de anticorpos: o IgM, característico da fase aguda da doença, com contato recente com o vírus, e que precisa de sete a dez dias após a infecção para ser detectado; ou IgG, da fase tardia, quando são necessários ao menos 14 dias para ser detectado.

Este último indica que o paciente já está imunizado de acordo com o comportamento usual de outras doenças, embora a ciência ainda analise se a imunização é transitória ou não por se tratar de um novo tipo de vírus.

Diante desses parâmetros, o Flamengo dividiu todos em quatro grupos. O primeiro de já imunizados, na teoria já livres para exercer qualquer atividade cumprindo os protocolos de segurança. O segundo é o jogador ou funcionário que não recebeu o diagnóstico de positivo e tem algum familiar também sem o vírus detectado. Neste caso a análise é de que poderia frequentar o CT também seguindo à risca os protocolos de segurança.

Em terceiro, já de quarentena, os jogadores ou funcionários negativos, mas com familiares positivos – que devem ficar isolados em um cômodo da casa. E, por fim, os 38 casos positivos, que devem permanecer isolados e em quarentena, com posterior repetição de testes para garantir que tem anticorpos, ou seja, está na teoria imunizado.

O Ninho do Urubu foi completamente higienizado e passará por este processo diariamente, além de ter restrições como os fechamentos da academia e restaurante e a redução de cerca de 600 pessoas na frequência diária para aproximadamente 100 entre atletas do profissional e da base – estes 325 no total e que não estarão no Ninho – e funcionários do departamento de futebol e da infra-estrutura necessária no centro de treinamento.

Mesmo com todos os protocolos, o desejo de grande parte do dia a dia do futebol rubro-negro é de retornar apenas mais à frente, com maior segurança. Durante a semana, o vice de futebol Marcos Braz já tinha sido indicativo no seu perfil no Twitter ao postar a frase “no tempo certo”. Assim como o homem forte do futebol, Gabigol era muito ligado ao massagista Jorginho e em uma live na FlaTV na noite de quarta-feira externou a posição do grupo.

Blog com ESPN