Cruzeiro tem dívida dez vezes maior do que a receita
   16 de janeiro de 2020   │     0:03  │  0

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A queda do Cruzeiro dentro de campo, com o rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro em 2019, veio acompanhada por gravíssimos problemas financeiros. Sob nova realidade esportiva, o clube convive com uma equação difícil de ser resolvida, pois tem receita prevista de R$ 80 milhões para 2020, com uma dívida, segundo seus próprios dirigentes, difícil de ser contabilizada, mas que já teria chegado aos R$ 800 milhões.

O cenário de descalabro financeiro é fruto do aumento dos gastos nas últimas temporadas, em parte pela montagem de um elenco caro e cheio de estrelas, com salários elevados. Mas também por supostas irregularidades cometidas pela antiga gestão, presidida por Wagner Pires de Sá e que tinha Itair Machado como homem-forte do departamento do futebol, o que provocou a abertura de investigação pela Polícia Civil de Minas Gerais por acusações como falsificação de documento particular, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

O rebaixamento no Brasileirão e as crises política, financeira e administrativa, além de protestos da torcida, provocaram a renúncia de Wagner e de seus vice-presidentes. O comando do Cruzeiro, então, passou para as mãos do Núcleo Dirigente Transitório, que vem encontrando dificuldades para tocar o dia-a-dia do clube e até já sofreu baixas em sua formação inicial, além de recuos no planejamento da gestão do clube.

Para viabilizar ações cotidianas do Cruzeiro, que teve várias receitas adiantadas pela gestão anterior, o grupo tem buscado recursos. Assim, o Cruzeiro espera fechar nos próximos dias um empréstimo de longo prazo entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões que lhe daria algum respiro financeiro para o pagamento de contas mais urgentes. “Se sair, pode ser nossa redenção para sair do CTI, ir para o quarto e começar a tratar da doença”, disse Saulo Fróes, presidente do Núcleo Gestor Transitório, ao Estado.

Além disso, o clube pretende lançar em breve um reformulado programa de sócio-torcedor, com a expectativa de obter receita mensal de R$ 3 milhões, com a ideia de revelar publicamente como esses recursos estão sendo utilizados. A iniciativa, porém, esbarra na preocupação de que o valor arrecadado não chegue ao clube, sendo retido pela Justiça para o pagamento de dívidas, com o bloqueio das contas.

Enquanto isso, o clube fez mudanças em seu quadro geral de funcionários, com a demissão de 98 pessoas, muitos deles com salários em valores praticados acima do mercado, o que provocará uma economia estimada em R$ 25 milhões. E em busca de uma redução drástica das despesas, o grupo de dirigentes havia proposto um teto salarial de R$ 150 mil. A ideia, porém, foi abandonada pela gestão, que adotou outro limite, de R$ 4 milhões para a sua folha mensal a partir da chegada de Ocimar Bolicenho para o cargo de diretor executivo de futebol.

“Hoje as contas do Cruzeiro são uma caixa d’água sem fundo. Isso geraria uma tampa provisória”, disse, ao Estado, avaliando que a falta de pagamento das dívidas podem causar problemas ainda mais graves ao clube dentro de campo. “Tem dívidas que levarão o Cruzeiro à Série C por decisão da Fifa”, alerta um dirigente da ‘Raposa’.

Blog com Leandro Silveira/Terra Esportes