Bandeira: ‘Voltei para a arquibancada que é meu lugar’
   2 de dezembro de 2019   │     20:45  │  0

Rio, 29/11/2019 - ESPECIAL, Entrvista com o ex presidente do Flamengo. Eduardo Bandeira de Mello. Novo Leblon, Barra da Tijuca. zona Oeste do Rio. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Dia

Nova fase do Flamengo começou com o excelente trabalho de Bandeira, executivo de sucesso no Rio de Janeiro (Foto: Ricardo Cassiano)

 

Em um novo patamar, o Flamengo aproveita a frutífera colheita de títulos, da base ao time principal. A conquista da credibilidade, porém, antecedeu o hepta brasileiro e o bi Libertadores. De campeão de dívidas, o clube começou a empilhar taças. De volta à arquibancada, Eduardo Bandeira de Mello celebra o resultado do processo de reconstrução iniciado e consolidado nos últimos seis anos. Na condição de ex-presidente, retomou hábitos adormecidos como as peladas no fim de semanas e as ‘rodas’ de violão para os netos, Diego e Anna Clara. Mas segue na torcida.

Gestão Bandeira

“Essa avaliação do mérito da minha administração, acho que sou o menos indicado a falar. Prefiro que seja feita por outras pessoas, mas fico sensibilizado com o carinho que a torcida tem me tratado na rua, no Maracanã. A experiência em Lima (na final da Libertadores) foi fantástica. Não fiz nada sozinho. As pessoas que me acompanharam ao longo da gestão têm um mérito fantástico. O importante é que saí de cabeça erguida e com a sensação de dever cumprido. Agora voltei para a arquibancada para fazer o que sempre fiz que é torcer pelo Flamengo”.

Colheita de taças

“Não é muito parcial fazer a própria avaliação, mas fico muito feliz com todo esse carinho recebido. Foi inesquecível em Lima. Do aeroporto ao avião. Toda a minha diretoria estava comigo na arquibancada. Pessoas que até 2018 faziam parte do conselho diretor, estavam lá. Foi especial”.

Reconstrução

“Foi preciso fazer sacrifícios. Quando assumi, disse que o Flamengo tinha um passivo financeiro muito grande, mas que o passivo ético e moral eram ainda maiores. Era tido como mal pagador, clube que não cumpre seus compromissos… Na hora, disse que viraríamos esse jogo, que sacrifícios seriam feitos na área esportiva para isso. A torcida comprou a briga. Claro que ao longo de seis anos há casos de impaciência, intolerância, mas acho compreensível. O mérito atribuído à minha administração pela recuperação do Flamengo deve ser dividido com a torcida, que foi muito parceira”.

Dívidas

“Tivemos que cortar na carne. A adesão ao Profut foi importante. Duplicamos a receita de cerca de R$ 212 milhões, em 2012. A diretoria criou o programa de sócio-torcedor, que já representa a segunda maior fonte de renda do clube. A revolução não foi apenas na parte financeira. Na área patrimonial, o Flamengo não tinha um Centro de Treinamento. Hoje, tem dois, de primeiro mundo. Na área jurídica, tínhamos mais de 600 ações trabalhistas que foram reduzidas a quase nenhuma no segundo mandato. Na gerencial, o clube é administrado com os métodos mais modernos”.

Legado

“Formamos um grande time. Não só os vice-presidentes, que são amadores, como os profissionais. O Flamengo tinha um CEO, um diretor financeiro de altíssimo nível, diretor administrativo. Futebol entregue a profissionais. Esporte Olímpico, com Marcelo Vido, que dispensa apresentações. Cumprimos a promessa de tornar o Flamengo um clube bem administrado. É importante dar o exemplo. Temos 40 milhões de torcedores. Boa parte, pessoas de classes menos favorecidas e que têm o Flamengo como o principal ponto de referência com a realidade. Dentro desses 40 milhões, há muitas crianças. A primeira coisa que aprendem é acompanhar seu time de futebol”.

Arrependimento

“Tem muita coisa. Quando se passa seis anos num lugar, claro que você erra muito. Se pudesse recomeçar, faria diferente muita coisa. É assim em qualquer atividade. Acho que trocamos de técnico mais do deveríamos. Poderíamos ter sido mais pacientes ao longo da gestão. É algo cultural no Brasil e a imprensa tem participação. A impaciência talvez venha dali ou é refletida, pelo menos”.

Orgulho

“Cada vitória que você consegue é importante. A coisa da base, por exemplo. Sempre fui um entusiasta. O Flamengo era reconhecido pela excelência na formação de atletas na década nos anos 80. Fomos campeões do mundo com oito jogadores revelados no clube. Perdemos essa referência. Quando cheguei, nosso trabalho de base, apesar da qualidade de muitos profissionais, deixava a desejar. Todo investimento feito está rendendo agora, cinco, seis anos depois. Hoje, tenho orgulho de ter departamento de futebol de base com totais condições de trabalho, CT moderno, apoio da comissão técnica, departamento médico… O importante é saber que o resultado é refletido em atletas para o time profissional e que nossa base virou uma máquina de fazer dinheiro, que gera recursos para reforçar o time principal”.

Blog com O DIA