Com acesso à Série A, Bragantino busca resgatar prestígio dos anos 1990
   7 de novembro de 2019   │     0:02  │  0

Com a participação na Série A do Campeonato Brasileiro no ano que vem garantida, o Bragantino dá mais um passo para resgatar o espaço que já ocupou no futebol nacional. Embora tenha sido figura constante na Série B do Campeonato Brasileiro na última década, o clube viveu seu auge no início da década de 1990.

O time foi campeão brasileiro da Série B (1989), conquistou o título paulista (1990) e foi vice-campeão brasileiro (1991). A volta à elite no ano que vem recoloca, portanto, a cidade de Bragança Paulista no mapa do futebol brasileiro.

O quase imbatível esquadrão do interior paulista do início dos anos 1990 começou a se estruturar graças ao apoio da família Abi Chedid, especialmente Nabi, deputado estadual influente no meio esportivo que realizou contratações importantes, como Ivair, Nei, Luis Müller, Victor, além de contratar vários jogadores do Guarani, como Gil Baiano, Mauro Silva, Júnior, Mário e Zé Rubens. Por fim, trouxe do São Paulo o volante Pintado – Mauro Silva e Pintado se tornaram os grandes ícones daquele time.

Nabi Abi Chedid, que foi presidente da Federação Paulista de Futebol e vice-presidente da CBF e da Conmebol, morreu em 2006 – hoje o estádio de Bragança Paulista leva o seu nome.

O time conseguiu o título da segunda divisão do Campeonato Paulista de 1988. Depois, foi campeão da Série B do Brasileiro em 1989 e em 1990, a cidade, distante 90 km da capital paulista e com 168 mil habitantes, passou a integrar o mapa da primeira divisão.

Com um time recheado de bons jogadores e um treinador em ascensão, Vanderlei Luxemburgo, o time protagonizou uma “final caipira” com o Novorizontino para decidir o Campeonato Paulista daquele ano. Diante de um estádio, que ainda se chamava Marcelo Stéfani, lotado, as equipes empataram por 1 a 1, resultado que deu ao Bragantino seu primeiro e único título estadual.

á sem Luxemburgo e com o experiente Carlos Alberto Parreira no comando, o Bragantino se manteve como potência e chegou à final do Campeonato Brasileiro de 1991. O time fez a segunda melhor campanha da primeira fase e na semifinal venceu o Fluminense no Maracanã, que tinha quase 80 mil torcedores do tricolor carioca. Na decisão, o time encarou o São Paulo de Telê Santana, perdeu o primeiro jogo no Morumbi lotado por 1 a 0 e, apesar de pressionar muito, empatou o segundo jogo em 0 a 0 em Bragança e terminou como vice.

Os anos de 1993 e 1994 foram de campanhas regulares. Nos campeonatos brasileiros, o time terminou em 19.º em 1993, fruto do confuso regulamento desta edição, e em oitavo, no ano de 1994. E acabou sendo desclassificado novamente na primeira fase da Copa Conmebol, pelo Botafogo. Depois de vários de disputa da Série B, inclusive com uma queda para a Série C, o time começou a se reerguer a partir de 2005. O Bragantino disputa a Série A1 paulista desde 2016.

Hoje, o departamento de futebol do time de Bragança é gerido pela Red Bull em um modelo de cogestão – o clube passará a ser chamado de Red Bull Bragantino em 2020 e recebe investimento da marca austríaca de bebidas energéticas. O primeiro objetivo era retornar à elite. Os próximos – e ambiciosos – passos são a conquista de uma vaga na Copa Libertadores dentro de no máximo cinco anos.

O negócio traz benefícios para os dois lados. A partir da parceria, os dois times disputam a Série B e aceleraram a chegada à primeira divisão com um aporte financeiro da ordem de R$ 40 milhões. O escudo do Bragantino foi mantido, com uma grande logomarca da parceira. O presidente da equipe é Marquinho Chedid, do Bragantino, mas a gestão técnica e operacional do futebol pertence à Red Bull.

O time treina no CT da Red Bull, na cidade de Jarinu, próximo a Campinas. Atualmente, o time tem a quarta melhor média de público da Série B, com pouco mais de 6.000 torcedores por jogo.

Antônio Carlos Zago, técnico do clube, afirma que o grande desafio de 2020 é se manter na elite. “Temos uma base muito forte para disputar o campeonato no ano que vem. É um campeonato diferente, com pelo menos dez grandes equipes, é superdifícil. Temos uma base forte, mas vejo que o primeiro objetivo é permanecer na Série A, fugir do rebaixamento.”

Blog com Gonçalo Junior/ESTADÃO Conteúdo