China prepara mutirão para naturalizar cinco brasileiros
   22 de agosto de 2019   │     14:00  │  0

Marcello Lippi

Campeão do mundo em 2006, Marcello Lippi tenta levar a China para mais uma Copa (Foto: AFP)

A China não ficou satisfeita em somente contratar jogadores e técnicos brasileiros. O país mais populoso do mundo quer mais. Com a ajuda do governo do presidente Xi Jinping, dos clubes e da federação de futebol nacional, cinco atacantes brasileiros estão nos trâmites finais para obter a nacionalidade chinesa e ainda neste ano defender a seleção pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022.

Os próximos reforços da seleção chinesa devem ser Ricardo Goulart e Elkeson, do Guangzhou Evergrande, Alan, do Tianjin Tianhai, Aloísio, do Guangdong Tigers, e Fernandinho, do Hebei Fortune. Todos estão à espera dos documentos da naturalização, já encaminhados aos órgãos competentes. O quinteto foi procurado pelo Estado, mas, por determinação do governo chinês, nenhum deles pode dar entrevista enquanto não finalizar o processo.

É a primeira vez na história que a seleção asiática se abre para estrangeiros. Apegada ao patriotismo e tradição milenares, os chineses mudaram de postura a partir deste ano pela meta de voltar a disputar uma Copa. A única participação em Copas foi em 2002. Na ocasião, chegou a enfrentar o Brasil em uma campanha pífia. Foram três derrotas, nove gols sofridos e nenhum marcado.

A seleção chinesa começou a se reforçar pelo processo mais fácil. Os dirigentes vasculharam os jogadores estrangeiros da liga local e encontraram um norueguês e um inglês cujas mães eram chinesas. O laço familiar facilitou a obtenção do passaporte e o meia londrino Nico Yennaris já até estreou pelo seu “novo país” em junho.

Depois, o plano chinês seguiu para a parte mais ousada. O técnico italiano Marcello Lippi, campeão do mundo em 2006, com a Itália, reassumiu a seleção chinesa em maio e pediu mais jogadores “importados”. Como a Fifa exige que o atleta tenha no mínimo cinco anos de residência no país para ser naturalizado, a federação agiu rápido e buscou os brasileiros de destaque.

Defender a China vai exigir sacrifícios. O quinteto precisará aprender a cantar o hino, terá aulas sobre história e cultura, precisará renunciar à nacionalidade brasileira e terá de adquirir um nome chinês. O inglês Yennaris, por exemplo, virou Li Ke. Elkeson deve ser chamado de Ai Jisen.

Jogadores vão renunciar à nacionalidade brasileira
A principal etapa no processo para se naturalizar envolve o Itamaraty. Como a China não aceita dupla nacionalidade, os atletas escolhidos precisam entrar com um processo para renunciar à nacionalidade brasileira. Só depois disso eles recebem os documentos de cidadãos chineses.

No futuro, quando voltar, o quinteto poderá readquirir a nacionalidade brasileira a partir do processo inverso. Será preciso renunciar ao posto de cidadão chinês e novamente abrir no Itamaraty processo para pedir a recuperação da cidadania brasileira.

ESTADÃO Conteúdo