Dezoito anos após experiência do Clube dos 13, Fla e Atlético-PR iniciam conversas para promover discussão sobre mudanças
   14 de abril de 2015   │     0:04  │  0

 

O Flamengo de Eduardo Bandeira de Mello quer discutir mudanças na hierarquia do futebol carioca

O Flamengo de Eduardo Bandeira de Mello quer discutir mudanças na hierarquia do futebol carioca (Foto: Paulo Nicolella)

Dezoito anos após o caso mais bem-sucedido de associação de clubes de forma independente no país (o Clube dos 13), uma nova semente pode ter sido plantada. Insatisfeitos com suas federações, Flamengo e Atlético Paranaense iniciaram uma aproximação. Ao perceberem que têm questionamentos semelhantes, os dois rubro-negros se juntaram para propor um debate. E querem aumentar o número de participantes nessa discussão.

Na semana passada, o presidente do Furacão, Mário Celso Petraglia, e o diretor-executivo do Flamengo, Fred Luz, se encontraram em Madri, na Espanha, durante seminário promovido pelas ligas espanhola e portuguesa. Lá, trocaram as primeiras palavras sobre a organização do futebol brasileiro.

— Ficamos de voltar a conversar na semana que vem. Não sabemos se o caminho é uma liga, o que está claro é a necessidade de transformação. O Flamengo ficou de fazer contato com o Fluminense e eu vou procurar os clubes do Paraná — disse Petraglia.

O futebol paranaense passa por momento semelhante ao do Rio. O chamado Trio de Ferro, formado por Atlético, Coritiba e Paraná, questiona a federação. Pedem mais transparência nas contas e acusam a entidade de estar enfraquecendo, ano após ano, o futebol do estado com sua ineficiência. No último pleito, em março, os três apoiaram a oposição na tentativa de derrubar o atual presidente, Hélio Cury.

Tentativas de formação de ligas não costumam ter sucesso no Brasil. No Rio, o registro da Liga Carioca, formada por Flamengo e Botafogo, está esquecido num arquivo de cartório. O único exemplo que conseguiu gerar frutos data de 1987, quando a CBF afirmou não ter dinheiro para o Brasileiro. Nasceu ali o Clube dos 13, que organizou a Copa União, mas que no ano seguinte já perdia força.

— Em 1988, o Ricardo Teixeira lançou-se como candidato a presidência da CBF. Ele tinha como promessa acabar com o Clube dos 13, que era um exemplo de liga moderna, como hoje você tem na Europa. Ele levou o Eurico (Miranda) e o Caixa D’água (Eduardo Viana, presidente da federação de futebol do Rio) para o seu lado. E ali a liga foi pelo ralo — recorda Márcio Braga, presidente do Flamengo na época e um dos fundadores do Clube dos 13, que hoje vê com bons olhos o movimento de Flamengo e Fluminense no Rio:

— Acho que deveria ter liga nacional e regional. O futebol brasileiro está ultrapassado. Com toda a evolução das trasmissões, dos estádios, não é possível que o Flamengo tenha que ficar jogando com Madureira e Bonsucesso. Para isso já tem a Copa do Brasil.

Flamengo e Atlético-PR também não falam em liga. Ainda. Mas estão dispostos a mexer nos campeonatos. Uma briga que promete.

— Chega de Estaduais. Há uma posição clara de distanciamento, de diferenças entre os clubes que participam deles. Não pode mais o Flamengo, com uma receita de R$ 400 milhões, disputar jogo com um clube que não recebe nem dez. Faz parte da evolução do futebol. Isso é um processo muito lento. Mas precisamos trabalhar para as mudanças acontecerem lá na frente — argumentou Petraglia.

 

Blog com EXTRA