Canindé ensina: “Eu sei o que o jogador quer ouvir”
   9 de outubro de 2014   │     0:05  │  0

Oliveira Canindé Santa Cruz (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

Canindé diz que fala o que o jogador quer escutar: “Trabalho há 20 anos no futebol” (Foto: Aldo Carneiro / PE Press)

O técnico do Santa Cruz, Oliveira Canindé, é um sujeito boa praça. De conversa então, nem se fala. Rouba a cena. Traz consigo o costume do interior – não à toa, leva o nome da cidade natal, a 115 km de Fortaleza, no “sobrenome”.  Oliveira só cumprimenta o interlocutor com aperto de mão. Se estiver sentado, levanta-se. Gosta do contato. Mas é nas frases de efeito que é um craque. É com elas que se faz entender pelos jogadores corais. Comunicação de qualidade é tudo quando o sonho – ainda difícil –  é conduzir o clube tricolor à Série A.

Ao chegar, bastou a primeira entrevista para Oliveira Canindé soltar uma pérola. Alertou para a grandeza  do clube, chamando-o de “Flamengo do Nordeste”. Era convicção. E não uma maneira de motivar o torcedor a ir ao estádio.

– O Santa Cruz não é o Flamengo do Nordeste? Você concorda comigo ou não? (Pausa). Era para ser o Sport, até por causa das cores e tudo mais, também por ser uma grande equipe. Mas o povão é o Santa Cruz, meu amigo. Sei o que estou falando.

Os aplausos da torcida causaram impacto, tanto antes de comandar o segundo treino – o primeiro aberto aos sócios – como durante a partida de estreia, contra o Oeste-SP. Recebido o apoio, Canindé inspirou-se. E da cobrança excessiva de se estar à frente de um clube de massa nasceu outra pérola.

– Um aplauso é pior que uma vaia. No aplauso, o torcedor mostra confiança em você e você não pode traí-lo. Uma vaia é quando a vaca está indo para o brejo. Você errou, mas tem a oportunidade de consertar a situação. Uma vaia é ruim. Mas um aplauso, antes de tudo começar, meu amigo… é cobrança demais.

Oliveira Canindé falou da família ao citar o elenco. Ressaltou a qualidade no plantel e procurou passar confiança – aquela mesma que recebeu do torcedor – para os atletas. Mas de maneira bem peculiar, até para alguém que não tem nem um mês de trabalho.

– O elenco é como minhas três filhas. Dou tudo do bom e do melhor para elas. Quer estudar? Vai para o melhor colégio. Quer comer? Vai ter a melhor comida. Tudo de melhor, porque não vai ter nenhum “Zezinho” querendo se aproveitar. Elas não têm do que reclamar. A mesma coisa é o elenco.  Dou oportunidade e quero os jogadores trabalhando da melhor forma. Agora, vou cobrar.

Sobre a fama de frasista, ele riu. Evitou o rótulo, mas não negou. O trato direto do futebol tem de ser com a linguagem do jogador, teoriza o treinador.

– Estou há mais de 20 anos no futebol e sei o que o jogador quer ouvir. Ele quer alguém que o entenda, que lhe motive. Comigo vai ter de “ralar a bunda no chão” para poder colher os frutos. Tem que trabalhar. Sou direto no trato e não tem ninguém melhor que ninguém. Falo umas coisas aí para que todo mundo me entenda melhor, aí o povo diz que sou frasista. Só digo uma coisa: esse time aí vai brigar. Vão ser mais brigadores que galo de briga. Vai ser um time raçudo.

 

Blog com Daniel Gomes

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