Cartolas da Fifa deram calote na própria entidade presidida por Blatter no caso ISL
   25 de abril de 2012   │     0:05  │  0

Os cartolas que receberam propinas da ISL deram um calote na propria Fifa e geraram prejuizos milionários à entidade, usando contas em Andorra e também na Suíça. Essa é a conclusão que a Justiça suíça apresentou a politicos europeus, em audiência ocorrida no dia 4 de março e que somente na última segunda-feira teve seu conteúdo revelado. O caso, segundo a rede britânica BBC e o jornal Tages Anzeiger, envolve o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o ex-presidente da Fifa, João Havelange.

Segundo os investigadores suíços, que se recusam a dar os nomes dos envolvidos abertamente, os cartolas que receberam a propina obtiveram os recursos como forma de influenciar decisões sobre contratos de TV. O dinheiro depois deveria voltar aos cofres da Fifa, no valor dos contratos. Mas a entidade jamais viu esses recursos.

A conclusão faz parte de um relatório publicado pelo Conselho da Europa, órgão político que reúne os países do Velho Continente e que decidiu se debruçar sobre a corrupção na Fifa. O Conselho não poupa críticas ao presidente da entidade, Joseph Blatter, alertando que seria impossível que ele não soubesse do pagamento de propinas.

Thomas Hildbrand, procurador suiço que investigou o caso, aceitou testemunhar diante dos políticos. Mas evitou dar a nacionalidade dos envolvidos nem os nomes dos implicados, algo que permanece sob sigilo da Justiça. Segundo ele, um deles recebeu pelo menos 12,7 milhões de francos suíços. Esse cartola seria um “membro sul-americano da Fifa” e na época presidente de uma federação de um país sul-americano. Entre 1992 e 1997, ele recebeu US$ 12,7 milhões. Ele ainda recebeu valores entre 1998 e 2000.

Outro cartola ainda recebeu pagamentos no valor de 1,5 milhão de francos suíços, sempre dos cofres da ISL. No caso, esse seria um membro “senior” da Fifa.

Para o Conselho, não há como Blatter não saber do que ocorria. “O sr. Blatter foi diretor técnico da Fifa entre 1975 e 1981, secretário-geral entre 1981 e 1988 e presidente desde então. Já que a Fifa sabia do volume significativo pago a seus membros, é dificil imaginar que o Sr. Blatter não soubesse disso”, alertou, indicando que é “extraordinario” o fato de Blatter não ter tornado público essas informações, ou levado essas pessoas aos tribunais para garantir que a Fifa fosse reparada em seus prejuízos.