Morre Jordan, do Flamengo, marcador mais leal de Garrincha
   18 de fevereiro de 2012   │     0:07  │  0

O ex-lateral esquerdo Jordan, do Flamengo, que morreu aos 79 anos

Em todo clássico contra o Botafogo na década de 1950, o lateral esquerdo Jordan da Costa, do Flamengo, tinha a inglória missão de parar Garrincha. Se as pernas tortas do Anjo balançavam para um lado, Jordan também balançava.

Se gingavam para o outro, lá estaria o rubro-negro, tenso, evitando a tentação de um bote impreciso. Nas dezenas de duelos que travavam durante uma única partida, os dois permaneciam assim, como homens crescidos dançando em torno de uma bola.

A cena quase sempre terminava da mesma forma. Na primeira precipitação de Jordan, Garrincha tocava a bola para frente, avançava pela linha de fundo e cruzava para ameaçar o gol flamenguista.

O defensor não reclamava do estilo de Garrincha. “Aquilo me dava forças para chegar duro nele”, diria Jordan meio século depois para o filme “Simplesmente passarinho”, que retrata a carreira de seu grande rival. “Quando ele começava a fazer aquelas papagaiadas, eu estava sempre junto. Mas ele era legal comigo. Ele não me dava pontapé, nem eu nele.”

Jordan era considerado pelo próprio Garrincha seu marcador mais leal. Nunca apelava. E nem podia. “Se você desse um pontapé nele, estava ferrado. Ele driblava e, ao invés de ir para o gol, esperava você voltar para driblar novamente”, lembra Altair, do Fluminense, outro “João” que Garrincha deixou para trás.

Jordan morreu na manhã de ontem, no Rio, aos 79 anos, vítima de complicações decorrentes da diabetes. No meio da semana, ele havia amputado a perna direita também por causa da doença.

O lateral foi o quarto jogador que mais vestiu a camisa do Flamengo na história atrás apenas de Júnior, Zico e Adílio: 608 partidas entre 1952 a 1963. Nesse período, foi tricampeão estadual e do torneio Rio-São Paulo.

Segundo a família, o clube carioca deu assistência ao ex-jogador durante a sua internação. “Sua lealdade marcou a carreira do ilustre atleta, que nunca recebeu um cartão vermelho sequer”, escreveu o site do Flamengo.

Separado há mais de 15 anos, ele deixa duas filhas e dois netos.

Zico lamentou a morte. “Dia triste com a morte de Jordan. Vi muitos jogos e os duelos leais com o Garrincha foram marcantes. Meus sentimentos aos familiares”, escreveu pelo Twitter.