Violência no Rio altera rotina no futebol, assusta atletas e pode afastar reforços
   26 de novembro de 2010   │     0:01  │  0

Lucio Flavio teme que a onda de violência afete os clubes cariocas no início da próxima temporada

A onda de violência que vem afetando a cidade do Rio de Janeiro nos últimos dias arranha não só a imagem da cidade, como também do futebol. Ontem, com 14 pessoas mortas em confrontos armados, a rotina do Botafogo foi alterada, jogadores correram para suas casas e os clubes já temem não conseguir convencer reforços a se mudarem para a capital fluminense.

“Essa onda de violência já ocorreu em São Paulo e afastou alguns jogadores que iriam para lá. Isso precisa acabar imediatamente, o governo precisa interferir energicamente porque essa situação tem de acabar. Certamente esses atos de violência vão atrapalhar os clubes cariocas, pois os jogadores não vão querer trabalhar aqui. Os clubes vão querer se reforçar, principalmente o Fluminense para o ano que vem, e poderão ter algumas dificuldades”, diz o presidente do Fluminense, Roberto Horcades.

Um dos líderes do elenco do Botafogo, o time que mais foi atingido pela violência de ontem, confirma que jogadores ficam receosos de ir para o Rio. “Muita gente pensa nisso. Para viver no Rio, você acaba convivendo com a violência no dia a dia. Mas para quem não mora aqui, a imagem diferente. As pessoas ficam com essa imagem [de violência] e as pessoas ficam com um pé atrás quando são convidadas para trabalhar na cidade. Entendo que isso é um grande malefício para o Rio”, afirmou o jogador.

Desde segunda-feira, 153 pessoas já foram detidas e a PM contabiliza 22 mortos em confrontos armados. “Nessa semana essas notícias tomaram uma maior proporção. Todas as pessoas precisam se cuidar, mas não podemos deixar que o desespero tome conta. Infelizmente, uma cidade como o Rio, que tem tantas coisas para se admirar acaba sendo tomada por esses ataques. É muito ruim para quem vive aqui”.

Helio Ferraz, vice-presidente geral do Flamengo, concorda que a situação é negativa, mas vê o processo como parte do plano de pacificação do Rio. “Para mim, isso não é motivo de desespero e nem de tristeza. Isso é um sofrimento necessário para que a paz possa ser instalada de vez. Para ter uma cidade limpa, saudável e sem violência, é preciso bater de frente com os bandidos. Estamos pagando esse preço. Acho que isso não atrapalha em nada o nosso futuro e nem na próxima temporada. É lógico que existe um impacto pelo momento, mas daqui a pouco isso será resolvido e tudo voltará ao normal”.