As finanças do Flamengo em 2021: com faturamento recorde e dívida sob controle, não é dinheiro que falta à administração rubro-negra
   25 de junho de 2022   │     2:00  │  0

As finanças do Flamengo — Foto: Infoesporte

As finanças do Flamengo — (Foto: Infoesporte)

Diretoria de Rodolfo Landim se destaca no marketing e no financeiro, mas peca no departamento de futebol. Com uma das maiores folhas do país, falta eficiência no uso desses recursos.

A essa altura do campeonato, a análise sobre a administração do Flamengo precisa vir acompanhada do que contadores chamam, em balanços financeiros, de “eventos subsequentes”. Ou seja, o que aconteceu de relevante com a associação desde o fechamento da contabilidade. Hoje, configura-se a já famosa crise na Gávea.

A equipe rubro-negra está em 14º lugar no Campeonato Brasileiro e abriu as oitavas de final da Copa do Brasil com derrota para o Atlético-MG no jogo de ida. A crise esportiva puxa a política: o “conselhinho” montado para gerir o futebol se desmancha, ex-presidentes e sócios escrevem carta contra o amadorismo da diretoria de Rodolfo Landim.

Como as finanças ajudam o torcedor a compreender este contexto? O clube está com performance abaixo do que deveria em campo por falta de dinheiro? Há possibilidade de novos investimentos?

O ge tenta responder essas e outras perguntas neste texto, parte da série anual sobre as finanças do futebol brasileiro, com base nas demonstrações contábeis mais recentes, referentes a 2021.

Receitas

No faturamento rubro-negro, direitos de transmissão representam a maior parcela – dado presente em mais clubes. A questão contábil, da postergação de receitas, explica em partes tal quantia. Mas não somente.

Também estão entre esses direitos as premiações de competições como Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores. Por mais que o torcedor tenha ficado insatisfeito com a temporada passada, por não ter havido nenhum título, o segundo lugar, a semifinal e a final, respectivamente, elevaram significativamente as receitas em todas essas competições.

No departamento comercial e de marketing, está uma das maiores virtudes rubro-negras. O clube arrecadou R$ 247 milhões na soma de patrocínios, publicidades e licenciamentos – melhor desempenho do futebol brasileiro na temporada, com boa vantagem, o que não representa nenhuma novidade.

O faturamento ainda é reforçado pelas transferências de jogadores. Com R$ 222 milhões líquidos (descontadas participações de terceiros e comissões), o Flamengo tem os melhores números do país também nesta linha. As três vendas que mais contribuíram foram as de Gerson, Rodrigo Muniz e Yuri César.

Futuro

É notável como, em poucos anos, o negócio do Flamengo aumentou. Mesmo com os pormenores contábeis, trata-se de um clube de futebol com R$ 1 bilhão em faturamento – que teve o mérito de expandir praticamente todas as suas linhas de receita e ainda conseguirá aumentar seus ganhos com o Maracanã, com o fim das restrições da pandemia.

Também é elogiável que, com a ambição de ganhar todos os campeonatos que disputa, o clube não tenha comprometidos as suas finanças. A redução do endividamento e a melhoria de seu perfil, em relação a prazos, são vitórias conquistadas na temporada passada por meio de sacrifícios. O maior deles, Gerson, peça-chave do time titular.

Em suma, se forem analisados separadamente, os departamentos têm aproveitamentos diferentes. Enquanto o marketing e o financeiro continuam a se destacar, o futebol não tem conseguido aplicar o dinheiro para que a vantagem econômica rubro-negra seja também esportiva.

Arivaldo Maia com Rodrigo Capelo – Redação do ge – Rio de Janeiro