Nova regra sobre demissões de técnicos pode virar um faz de conta legalizado
   31 de março de 2021   │     13:02  │  0

Pois agora o “mútuo acordo” consta em regulamento. E com o pior dos efeitos. Já era possível desconfiar que a nova regra limitadora das demissões de técnicos teria efeito reduzido. Era um passo tímido e permitia ter quatro treinadores numa temporada sem infringi-la: bastava contratar um técnico para o Estadual, trocar às vésperas do Brasileiro, demitir novamente ao longo do torneio nacional e encerrar o ano com um auxiliar da casa.

Mas o anúncio da nova regulamentação, coincidentemente em meio ao vazamento de um vídeo constrangedor da reunião entre o presidente da CBF e os clubes, foi feito com ares de reforma modernizante. E, a bem da verdade, até era possível enxergá-la como um pequeno avanço.

Até que a publicação do regulamento do Campeonato Brasileiro, em sua redação final, expôs uma realidade indigesta: bancamos os bobos debatendo e tentando entender os efeitos da nova proposta. O essencial fora mantido em sigilo, mas agora o respeitável público foi informado de que rompimentos de contrato por “mútuo acordo” não contarão para a limitação das demissões de técnicos.

Ou seja, a brecha está aberta para que esta instituição tipicamente nacional permita que a falta de planejamento e o improviso sigam com via praticamente livre.

Há poucos motivos para acreditar que o novo regulamento produzirá forte impacto, que a música vá parar de tocar para a dança das cadeiras dos treinadores. A roda promete continuar girando, para a conveniência de todos.

Blog com Carlos Eduardo Mansur/ge.globo