Pablo Vico,’Seu Madruga’, técnico do Brown de Adrogué, protagonizou algumas das boas histórias da Copa Argentina (Foto:
Quando entraram em campo as equipes do Brown de Adrogué e do Central Córdoba de Santiago del Estero, a Copa Argentina pôde mostrar a sua principal faceta: a de ser o torneio mais democrático do país.
A competição, que reúne times de todas as divisões do país, se tornou atrativa principalmente para os clubes pequenos, que ganham visibilidade em confrontos contra os grandes e sonham com a conquista de uma vaga na Copa Libertadores, um dos prêmios ao campeão do torneio.
Arsenal de Sarandí e Huracán, equipes tradicionais, mas modestas, já tiveram o gosto de levantar a taça e disputar a competição continental.
Disputada em jogos únicos e eliminatórios, a Copa Argentina abre o calendário do futebol local. Com pouco tempo de preparação para os clubes grandes e jogos realizados em estádios neutros espalhados pelo território nacional, o mata-mata vira terreno fértil para a proliferação das zebras. Como as que protagonizaram o Brown e o Central Córdoba.
A equipe de Santiago del Estero, cidade no noroeste da Argentina e que fica a cerca de 1.200 quilômetros de Buenos Aires, é a principal surpresa até aqui.
Recém-promovida para a segunda divisão, já eliminou nos pênaltis o Vélez Sarsfield, campeão da Libertadores e do mundo em 1994; o Tigre, que também disputa a elite argentina, e o Brown de Adrogué. Na próxima fase, encara o Gimnasia y Esgrima, outro time da primeira divisão, que já deixou pelo caminho o poderoso Boca Juniors.
“Sem dúvidas os times de divisões menores se concentram um pouco mais, têm a guarda um pouco mais alta. Quando chega a oportunidade de jogar partidas contra equipes de divisões superiores, temos que estar muito concentrados. Se o rival se coloca em vantagem, é muito difícil para nós, de menor categoria, conseguir a virada”, conta à Folha o técnico do Central Córdoba, Gustavo Coleoni.
Outro episódio ilustre do torneio aconteceu no duelo entre Platense e Belgrano. Ao ver duas bolas no campo de jogo, o árbitro Pedro Argañaraz tentou afastar uma delas e acabou encobrindo o goleiro do Platense, marcando um golaço. Atletas que estavam próximos comemoraram o lance e brincaram com o talento do juiz.
Entre as zebras da Copa Argentina, houve também a vitória do Sarmiento de Resistencia sobre o Racing, logo na primeira rodada. O gol do triunfo por 1 a 0 foi marcado por Horacio Orzán, experiente meio-campista de 30 anos com boa passagem pelo Newell’s Old Boys, campeão nacional em 2013.
“Não sou de chutar no gol. Este deve ter sido o sexto chute da minha carreira e foi dentro”, disse o volante, que não marcava um gol desde 2014.
Azar do poderoso Racing, que também foi eliminado da Libertadores, torneio que pode ter no ano que vem equipes como o Sarmiento de Resistencia ou o Central Córdoba, do sonhador Corleoni.
“Há de se olhar sempre para frente, ter sonhos. O dia em que deixemos de sonhar, não haverá mais nada na vida.”
Blog com FOLHA DE SÃO PAULO