“Estou de saco cheio”: como o futuro de Abel Ferreira impacta os bastidores do Palmeiras
   15 de novembro de 2023   │     1:00  │  0

Abel Ferreira durante treino do Palmeiras na Academia de Futebol — Foto: Cesar Greco

Abel Ferreira durante treino do Palmeiras na Academia de Futebol — (Foto: Cesar Greco)

Técnico reclamou bastante do desgaste provocado pelo futebol brasileiro no fim de semana.

A vitória por 3 a 0 sobre o Internacional que levou o Palmeiras à liderança do Brasileirão contou com um desabafo de Abel Ferreira. O técnico deixou clara sua insatisfação com a rotina desgastante e avisou estar “de saco cheio”, inclusive dizendo que não era possível garantir sua permanência para 2024. Mas como isto impacta o dia a dia na Academia de Futebol?

Tanto dentro do clube quanto pessoas próximas ao treinador veem a declaração mais como um desabafo do que o desejo de ir embora. Com contrato até dezembro de 2024 com o Verdão, o português não esconde que a organização do futebol brasileiro o incomoda bastante.

– Estou de saco cheio desses jogos seguidos, viagens seguidas. (…) Chegar no CT às 4h da manhã, decidir se vou dormir em casa com a minha família ou fico ali. Não quero isto para mim – declarou, no sábado passado.

Na sequência da entrevista, perguntado se poderia ir embora ainda este ano, respondeu de maneira impaciente que “tem que esperar para ver”.

Só que os sinais que Abel passa internamente são contrários a uma saída antes do fim do contrato. O técnico já está “mergulhado” no planejamento para 2024, de acordo com fontes ouvidas pelo ge.

O Palmeiras, inclusive, está acertando os detalhes do primeiro reforço da temporada que vem: Aníbal Moreno, aprovado pela atual comissão técnica.

De tempos em tempos, os empresários de Abel Ferreira recebem consultas do mercado internacional, como o Al Ittihad, da Arábia Saudita, semana passada. A maioria destes contatos nem chega a avançar para uma negociação, param já no estafe do técnico.

Até aqui, não há dentro do Verdão o temor de que o técnico peça para ir embora, pois sempre que pode o português declara que costuma honrar seus vínculos.

Há três anos no Palmeiras, o treinador é unanimidade, a ponto de a presidente Leila Pereira anunciar que deseja renovar seu vínculo até o fim de 2027, caso seja reeleita, ano que vem.
Ainda que sua família esteja vivendo no Brasil e bem adaptada a São Paulo, e o técnico goste muito de trabalhar na Academia de Futebol, há questões que o fazem pensar em ir embora em dezembro de 2024 e de fato tirar um período sabático.
O que deixa Abel “de saco cheio”?

Se dentro do CT do Palmeiras a relação é de muita satisfação, o ambiente externo incomoda bastante Abel – e não é de hoje.

Ele já se sentiu perseguido, especialmente em relação à arbitragem, por entender que outros técnicos com postura parecida são tratados de maneira diferente. O sentimento foi o mesmo em certas críticas a seu trabalho.

O calendário e os problemas do futebol brasileiro, como a qualidade dos gramados, são pontos de desgaste, também. Abel fala frequentemente dos temas, porém, não vê nas principais entidades do país o interesse em melhorar a estrutura.

Com 44%, o Palmeiras é o time com mais possibilidades de conquistar o título, de acordo com o Espião Estatístico.

Se levar o bicampeonato nacional consecutivo, Abel precisará de apenas mais uma taça para virar o técnico com mais títulos da história do Verdão. E assim o clube espera convencê-lo a ver o copo meio cheio e decidir ficar por mais tempo, ainda que a rotina o deixe “de saco cheio”.

Arivaldo Maia com Camila Alves e Thiago Ferri – Redação do ge –  São Paulo