Sem consistência defensiva, Botafogo deveria usar o Vasco como espelho para a reta final
   10 de novembro de 2023   │     16:00  │  0

O lateral Paulo Henrique bate de canhota e faz o gol do Vasco no clássico — Foto: Daniel Ramalho - VascoO Lateral Paulo Henrique bate de canhota e faz o gol do Vasco no clássico — (Foto: Daniel Ramalho – Vasco)

Derrota no clássico evidencia a fragilidade de um líder que hoje se expõe sem necessidade.

O 1 a 0 do Vasco sobre o Botafogo, em São Januário, comprovou algo já observado: enquanto o alvinegro tiver de interpretar o papel de protagonista, assumindo a obrigação de vencer os confrontos, o risco dos tropeços será sempre maior do que a chance de vitória.

Nos últimos dez jogos, a partir do clássico com o Flamengo, a ansiedade minou a energia e o time que chegou a liderar a Série A com 13 pontos de vantagem, somou oito dos 30 pontos disputados.

Foram duas vitórias nos últimos dois meses, ambas como visitante, em jogos contra Fluminense e América-MG. Partidas em que o time soube tirar proveito do ímpeto do mandante.

De lá pra cá, fez quatro jogos no Rio e até como visitante tropeçou na desnecessária pressão que a liderança lhe impôs. Bastava reforçar o meio, fechar os corredores laterais com os pontas e usar a vantagem na tabela como estratégia para abrir espaços no campo adversário, não ao contrário.

Isso é muito claro e ainda pode ser corrigido, a tempo de evitar o fiasco pleno numa competição que parecia ganha. Mesmo com a permanência de Lúcio Flávio, criticado pela passividade. Essa história de não fazer substituições durante o intervalo das partidas mais denota insegurança do que ação estratégica. Afinal, rever o plano de jogo com a bola rolando, renovar a energia e enxergar formas de explorar fraquezas exibidas pelo oponente nos primeiros 45 minutos são movimentos fundamentais.

A troca de treinador, a esta altura, me parece desespero. O que não impede o reforço na estrutura. Um coordenador, talvez. Alguém com experiência e sabedoria. Na prática, o título ainda está nas mãos do Botafogo.

Mas um time que tem pontos de vantagem sobre os demais não pode se abrir de modo a sofrer sete gols em quatro jogos. Ou levar mais gols em 12 jogos (13) do que o número sofrido nas 19 rodadas do turno (11). Não é possível que Lúcio Flávio, que auxiliou Caçapa, não saiba como evitá-los.

Enfim… o polêmico gol do Cuiabá na derrota por 1 a 0 e os quatro sofridos na virada inacreditável do Palmeiras depois estar vencendo por 3 a 0, em pleno Nílton Santos, saíram da desarmonia no sistema defensivo. E estes dois jogos no “tapetinho” escreveram o roteiro para o confronto com o Vasco, que conseguiu a vitória porque tem jogado de forma coerente com suas limitações: fechado, reativo e concentrado na missão defensiva.

Essa vitória que reposicionou o clube de São Januário, temporariamente, fora do Z-4 foi mais uma prova da maturidade do vascaína. O time de Ramón Díaz sofreu quatro gols nos sete últimos jogos e o bom rendimento, fruto da entrega coletiva, responde pela momentânea recuperação do time na tabela. A poucas rodadas do final, o Botafogo deveria usar o Vasco como espelho…

Arivaldo Maia com o Blog de Gilmar Ferreira – Redação do EXTRA