Mancini reflete sobre mercado de técnicos no Brasil: “O estrangeiro é protegido pela opinião pública”
   18 de setembro de 2023   │     21:00  │  0

Júlio Sergio, Dorival Júnior, Guardiola e Vagner Mancini — Foto: Divulgação

Júlio Sergio, Dorival Júnior, Guardiola e Vagner Mancini — (Foto: Divulgação)

Presidente de associação de técnicos lamenta “jeitinho” que driblou limite de troca de treinadores. Ele vê influência externa em demissões no futebol brasileiro: “Dirigente com celular na mão o tempo inteiro”.

Eleito presidente da Federação Brasileira de Treinadores de Futebol (FBTF), Vagner Mancini deu entrevista ao ge entre a demissão do América-MG, dia 7 de agosto, e a chegada ao Ceará, dia 30.

São 20 anos de carreira – tempo superior ao de meio-campista profissional – e mais de 20 equipes treinadas. Nesse período, mudou de ideia sobre seu modelo de jogo, um dia se encantou com o argentino Marcelo Bielsa, mas hoje representa luta por espaço para brasileiros na elite do país.

A maioria dos times da Série A tem técnico estrangeiro, chegaram a ser 13 contra 7 brasileiros. A CBF quer um estrangeiro para treinar a seleção. O que aconteceu com os técnicos brasileiros?

— A gente vive um momento de desvalorização do profissional brasileiro, sendo que a seleção tem cinco títulos mundiais com profissionais brasileiros. Tem dois títulos olímpicos. Mas é óbvio que hoje a gente vive esse momento (de desvalorização). Essa é uma preocupação minha à frente da FBTF (Federação Brasileira dos Técnicos de Futebol) porque nós temos que valorizar os treinadores brasileiros. Em primeiro lugar porque somos brasileiros. Em segundo lugar porque temos grandes conquistas com treinadores brasileiros.

— O que aconteceu nos últimos anos é que a chegada de técnicos estrangeiros que deram certo são muito contadas. Todo mundo conta essas histórias. Mas de quem não deu certo, ninguém fala nada. Temos uma lista extensa de quem chegou aqui, bateu e voltou.

Como avalia a contratação de Fernando Diniz como interino, acumulando com o trabalho no Fluminense?

— Acho que em algum momento vai ter conflito. Vai ter que ser tomada uma decisão de opção. Acho que agora no começo dá para levar. Ao longo do tempo, e eu sei que o Diniz tem ido constantemente à CBF, ele, o Ednaldo e a equipe da CBF vão falar sobre isso. Eu acho que vai ter uma interrupção e ele vai se dedicar só à seleção.

Para os técnicos brasileiros, não é ruim que o Diniz tenha prazo de validade?

— A ida do Diniz para a seleção, e ele indo muito bem, reforça o discurso de que não seria necessário um técnico estrangeiro. Não é por isso que nós vamos deixar de torcer pelo Ancelotti também, e pela seleção. Todas as vezes que a seleção ganha um título, a saída de profissionais para o exterior duplica, triplica. É importante para nós que a seleção brasileira vá bem. Tive a oportunidade de sair para o exterior depois de Copas do Mundo ganhas. Acho importante que o mercado brasileiro tenha isso. Quando a gente perde a Copa do Mundo, a gente perde o mercado também. é importante que o Diniz vá bem. É importante que o Ancelotti vá bem. Não sei se eles vão estar juntos, acho que nem o Diniz sabe.

Arivaldo Maia, Cahê Mota, Carlos Eduardo Mansur, Martin Fernandez e Raphael Zarko, com parte da matéria públicada pela redação do ge – Rio de Janeiro