Das ondas do rádio à ida ao Lanús por conta de um carpinteiro: como surgiu Cano, do Fluminense
   8 de junho de 2023   │     13:30  │  0

Hernán Prol com foto de Cano na infância — Foto: Gustavo Garcia

Hernán Prol com foto de Cano na infância — (Foto: Gustavo Garcia)

ge visita clube onde atacante começou e resgata registros da história do camisa 14.

Rua Ramón Cabrero 2007, Provincia de Buenos Aires, na Argentina. Em uma das fachadas se lê em espanhol em letras garrafais: “O maior clube de bairro do mundo”. O edifício fica a cerca de 26 km de distância do Estádio Monumental, onde River Plate e o Fluminense de Germán Cano se enfrentam nesta quarta-feira pela Libertadores.

Sentados em cadeiras de madeira do restaurante do local, Hernán Prol e Beto Monje se mostram dispostos e animados a viajar no passado para abrir memórias enquanto desfrutam de medialunas e café. Mas nada de vídeo, preferem uma conversa – de acordo com eles – “mais espontânea”.

Em cima da mesa, além da comida, recortes de jornais e fotos antigas espalhadas de mais de duas décadas atrás. Os dois se entreolham e riem quando escutam que Cano está voltando para atuar na terra natal.

Nas lembranças, os dois argentinos carregam muitas recordações de um menino considerado baixo para ser centroavante, mas que, desde pequeno, segundo eles, mostrava familiaridade com as redes.

A título de comparação, usaram até mesmo o nome de um dos gigantes do futebol brasileiro para tentar resumir como ele era.Quando eu o vi ele me recordou um jogador de vocês (do Brasil). O Romário. Pequeno, vivíssimo, goleador. Era um Romarinho”, Hernán Prol.

Na sede histórica do time Lánus, Hernán Prol, um antigo carpinteiro argentino, e Beto Monje, ex-vice-presidente do clube, receberam o ge para conversar sobre o começo do atacante do Fluminense. Foi ali que ele deu os primeiros passos no futebol no fim do século passado.

“Cano surgiu em uma categoria muito boa. A geração 1988 era muito boa mesmo, a concorrência era grande”, Beto Monje

– A geração de 1986 a 1988 foi uma das melhores. Somos um clube que vive de venda de jogadores. Ele estava em uma categoria muito boa. Isso complicou para ele aparecer. Ele fez parte da equipe campeã argentina em 2007. Não estava no campo, só no banco. Mas fez parte. Mas como a geração era muito boa, ele não teve espaço. Talvez, se tivéssemos esperado mais um pouco ele teria se destacado aqui – Beto Monje, ex-vice-presidente do Lanús.

Do rádio na carpintaria ao Lanús

O início de Cano no futebol não teve ações de uma só pessoa, mas dentre as muitas razões para ele ter chegado ao Lanús, tem participação das ondas do rádio, do carpinteiro Hernán Prol e do ex-dirigente Beto Monje.

Nascido no hospital Gandulfo, de Lomas de Zamora, em família simples, Cano teve contato com a bola muito novo de acordo com os relatos. Jogando competições infantis por escolinhas de clubes de bairro, despertou a atenção de uma forma bem diferente, por volta dos 9 anos.

Ele adotou a 14 como número. Para Beto Monje, uma clara homenagem ao Lanús, clube que recentemente Cano afirmou ser torcedor de coração após a vitória do Fluminense sobre o River Plate, no Maracanã, por 5 a 1.

Eu perdi o contato com o Cano depois que ele saiu daqui. Quando eu o vi jogando com a 14 já sabia (que era torcedor do Lanús). Aqui, o 14 é da torcida. O Boca, por exemplo, tem a “La 12”. O Lanús é a “La Barra 14”, Beto Monje

Sem marcar há seis jogos, Cano chega na Argentina tentando desencantar para ajudar o Fluminense na classificação na Libertadores. Líder do Grupo D com 9 pontos, o Flu enfrenta o River Plate, no Monumental, às 21h30 desta quarta-feira, em jogo válido pela quinta rodada. A partida pode definir a vaga tricolor para as oitavas de final.

Algo que deixa Hernán Prol com a sensação de dever cumprido. Mesmo de longe, sem ter mais contato com o atacante, o antigo carpinteiro se diz realizado por saber que não estava errado quanto aquele menino de Lomas de Zamora que ouviu falar pela primeira vez através do rádio.

“Um pedacinho nosso deve ter (no sucesso do Cano). As pessoas sempre tiram algo de alguém. Mas minha felicidade é quando vejo uma criança como vi ele triunfando”, concluiu Hernán Prol.

Arivaldo Maia com Redação do ge – Argentina