RUBINHO REZOU BASTANTE PARA CONSEGUIR TERMINAR A CORRIDA
Rubens Barrichello lamentou o problema na largada do GP da Bélgica, ontem, quando seu carro ficou parado e ele caiu de quarto para último. O brasileiro perdeu uma excelente chance de se aproximar muito de Jenson Button, seu companheiro na Brawn GP e líder do campeonato. Com a sétima posição, ele reduziu a desvantagem para 16 pontos.
– É a terceira vez que isso aconteceu e eu sinto muito, realmente. Isso não deveria acontecer. Mas, honestamente, não chequei ainda o que aconteceu, mas é algo parecido com os outros problemas em largadas neste ano. Soltei a embreagem e o carro não reagiu. É decepcionante, porque você sabe que eu estava 26 pontos atrás há duas semanas e agora tenho 16. Estou reagindo. Poderia ter marcado mais, mas com o problema de motor no fim da prova, tivemos sorte por terminar em sétimo. Rezei tudo o que eu sabia – diz Barrichello, em entrevista à TV inglesa BBC.
Desprestigiado até na sua terra, Rubinho conquista 100ª vitória para seu país. Tem muito brasileiro que vai ter que “engolir” Barrichello depois do seu feito histórico
Coube a Rubens Barrichello entrar para a história como dono da 100ª vitória brasileira na Fórmula 1. Neste domingo, o piloto da Brawn GP aproveitou-se de uma falha no pit stop de Lewis Hamilton e venceu o GP da Europa, em Valência, na Espanha. Com o triunfo, o brasileiro quebrou um jejum de quase cinco anos na categoria e alcançou sua 10ª vitória na carreira.
Barrichello havia subido ao lugar mais alto do pódo na Fórmula 1 no dia 26 de setembro de 2004, no GP da China, quando ainda era companheiro de Michael Schumacher na Ferrari. Para completar, esta foi a primeira vitória brasileira na categoria desde o triunfo de Felipe Massa no GP do Brasil, no dia 2 de novembro de 2008.
Com o resultado, o piloto Brawn GP chegou aos 54 pontos e diminuiu a diferença em relação ao seu companheiro de equipe, Jenson Button. O inglês foi sétimo colocado e subiu para 72 pontos. A dupla da Red Bull, formada por Sebastian Vettel (47) e Mark Webber (51,5), não pontuou, o que devolve a vice-liderança ao brasileiro.
Barrichello fez uma largada regular e se manteve na terceira colocação. Com o carro mais pesado, aproveitou a entrada do segundo colocado Heikki Kovalainen nos boxes para tirar a diferença necessária para assumir a segunda colocação depois de sua parada.
A segunda sessão de pit stops foi catastrófica para o líder da prova no momento, Hamilton. A McLaren se atrapalhou na hora de trocar os pneus dianteiros do carro e o inglês perdeu definitivamente a posição para o brasileiro.
Na frente, o veterano acelerou fundo para garantir o primeiro lugar e manter o Brasil 100% em Valência, já que Massa venceu na pista em 2008. Sem muito o que fazer após a falha, Hamilton se conformou com o segundo lugar, à frente de Kimi Raikkonen, da Ferrari.
Anteriormente, Barrichello havia triunfado uma vez no ano 2000 (Alemanha), quatro em 2002 (Europa, Hungria, Itália e Estados Unidos), duas em 2003 (Inglaterra e Japão) e duas em 2004 (Itália e China).
Curiosamente, Barrichello volta a vencer em uma corrida em que somente ele representava o Brasil na pista, algo que não acontecia desde o GP dos Estados Unidos 2005. Felipe Massa se recupera de acidente e Nelsinho Piquet foi demitido da Renault depois do último GP.
Dezesseis pontos atrás de Jenson Button na classificação do Mundial de Pilotos, Rubens Barrichello garante que vai seguir sonhando com o título mundial até a última prova da temporada 2009. Para os brasileiros, a sorte pode mudar de uma hora para outra.
“Devo seguir somando a maior quantidade de pontos possível, mesmo que não ganhe. Quando eu começar a somar vitórias, as coisas serão diferentes”, destacou o piloto, duas vezes vice-campeão mundial (2002 e 2004). “Jenson está voando, sem cometer erros, o que é bom para ele e para a equipe. E eu estou fazendo o máximo, tudo o que posso”, garantiu.
“Não penso em parar até a última corrida”, continuou Rubinho, para quem os excelentes resultados de Button são o maior fator de motivação. “Eu e ele estamos exigindo ao máximo um do outro e a equipe está vivendo uma fase maravilhosa. Ele está desfrutando um pouco mais que eu, com os troféus de vencedor, mas estou trabalhando duro”, avisou.
Rubens Barrichello admitiu, em entrevista ao programa “Esporte Espetacular”, da TV Globo, ontem, que não é amigo de Michael Schumacher e que fingia ter intimidade com o piloto alemão quando ambos dividiam o boxe da Ferrari, entre 2000 e 2005.
“O Schumacher fez parte da minha história, mas não é meu amigo. Eu passei muitos anos dizendo que era, mas só para fazer média”, disse o piloto da Brawn GP. “Ele é do tipo que faz qualquer coisa para ser campeão. Eu faço tudo, menos o que ele faz”, completou o brasileiro, lembrando indiretamente do GP da Áustria, em 2002, em que recebeu ordem da Ferrari para deixar o alemão ultrapassá-lo na última volta.
Rubinho também citou Ralf Schumacher, irmão do heptacampeão mundial, e o canadense Jacques Villeneuve, vencedor da temporada de 1997, como exemplos de pilotos com quem não teve boa relação em sua história na Fórmula 1.
Na entrevista, o piloto com mais participações em corridas na categoria também afirmou estar convicto de que ainda será campeão do mundo. “Muita gente fala para eu não dizer isso, que eu não deveria botar mais pressão. Mas eu tenho velocidade e estou com muita raça e vontade. É o momento de torcer.”
Barrichello também disse que o companheiro de Brawn, Jenson Button, será seu principal adversário na luta pelo título da temporada 2009. “Ele é um cara extremamente rápido, do bem, e que anda muito forte. Se eu quero ganhar, tenho que bater ele antes de todo mundo.”
Button é o líder do campeonato, com três vitórias e 31 pontos conquistados nas quatro provas disputadas. Barrichello vem na segunda colocação, com 19 pontos, um a mais que o alemão Sebastien Vettel, da Red Bull.
A próxima etapa da temporada está marcada para o próximo domingo, 10 de maio, em Barcelona, na Espanha.
Carro de Barrichello é considerado um dos melhores para 2009
Ele já disse isso outras vezes, mas voltou a repetir na tarde de ontem (27). Após marcar o quarto tempo no primeiro treino livre da temporada, no GP da Austrália, Rubens Barrichello destacou que vive um “ótimo momento” na Brawn — declarando, inclusive, que o pouco tempo na nova escuderia de Brackley é melhor do que os seis anos passados na Ferrari.
“É muito melhor”, disse o veterano brasileiro à revista “Autosport”, “pois aqui eu sei que não preciso dividir as atenções com ninguém. O jogo é limpo, e temos um carro competitivo”, comemorou Rubens, antes de assegurar que o BGP 001 é, sim, um bólido confiável. “Pelo que eu vi até agora, estamos na disputa, e só precisamos ver como será nosso desenvolvimento ao longo do ano.”
Barrichello também apontou algumas das dificuldades que a Brawn deve enfrentar ao longo do ano. “Temos um orçamento pequeno e, por enquanto, estamos sem patrocinadores, então será complicado seguir assim. Mas acho que a F-1 está mais aberta a times pequenos após a proibição de testes; isso vai jogar a nosso favor, pois temos um carro competitivo”, explicou.
Por fim, o piloto celebrou o fato de não ter encerrado sua carreira depois de dois anos abaixo da crítica na Honda. “Se eu me aposentasse no ano passado, seria ruim. Tive um ótimo GP em Silverstone, mas não era aquilo que eu queria ao longo do ano. Agora, tenho isso, a chance de brigar por algo. É como se eu tivesse sido atendido em tudo que eu pedi.
Deixar a Ferrari e conseguir um time que trabalhasse por mim e pelo meu colega, enquanto que na Ferrari tudo era feito para o Michael [Schumacher].”
“Tanto eu quanto Jenson [Button] queremos vencer, e tenho certeza de que teremos uma briga sadia na equipe”, concluiu Rubens.
