O Rei Pelé não concorda com altos gastos dos clubes

Pelé, considerado o maior jogador de futebol do século, afirmou que o gasto do Real Madrid nos reforços para esta temporada, entre eles o meia brasileiro Kaká, não é “justo nem democrático”.

Em entrevista publicada no dia de ontem pelo jornal vaticano “L’Osservatore Romano”, o ex-jogador do Santos e da Seleção Brasileira afirma que as contratações do Real Madrid são a prova de que o “grande come o pequeno”.

– Só sei que não é justo ou democrático. É o grande que come o pequeno. Talvez seja normal, mas para o futebol é perigoso – comentou Pelé ao ser perguntado pelas contratações de Kaká e do português Cristiano Ronaldo.

Sobre quanto uma equipe poderia pagar por ele se jogasse hoje, o brasileiro respondeu: “Pelé não teria preço”.

O ex-jogador lembrou também que recebeu ofertas de todos os grandes clubes europeus, entre eles Real Madrid, Milan, Inter e Juventus, mas decidiu ficar no Santos porque era “uma grande equipe” que jogava “muito bem”.

– O problema é que hoje inclusive um jovem jogador começa a atuar pensando já em quanto dinheiro poderá ganhar – comentou.

Na sua opinião, “um jogador vai para o Real Madrid e beija a camisa para mudar de equipe no dia seguinte e beijar a do novo clube jurando amor eterno”.

– Na realidade eles amam só aqueles que pagam mais, e tudo isto é perigoso para o futuro do esporte – completou.

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Pelé gostou de ver participação de Ronaldo, apesar da derrota do Santos

Pelé cancelou uma viagem de negócios para o México que havia agendado há meses para estar ontem na Vila Belmiro e assistir, do seu camarote, o primeiro jogo da decisão do Paulista. Tradicionalmente, o maior craque da história do futebol é um pé quente para o Santos.

“Fiquei quase 18 anos sem perder aqui e agora fazia três anos que, quando vinha aqui, não perdia”, contou o ex-camisa 10 da seleção brasileira. Mas ontem a sorte não estava do lado santista.

“Não deu para ver, mas parece que o Fábio Costa escorregou no primeiro gol”, disse o Rei, lembrando o primeiro momento de azar do seu time do coração. “É complicado. Quando um time que vem jogando pelo empate faz dois joga mais tranquilo. Futebol é isso, o Santos estava jogando bem, mas foram duas bolas no gol e eles fizeram”.

O Rei ainda lamentou que a sorte também abandonou o artilheiro Kléber Pereira. “Acabamos desperdiçando várias chances de gol”, afirmou. “Quando temos um grande goleador como o Kléber Pereira, a gente espera que ele vai colocar a bola na rede. Ele não costuma perder estas chances. Mas não deu certo, fazer o quê?”.

Pelé, porém, não deixou de reconhecer a atuação decisiva de Ronaldo. “Tem que parabenizar o Ronaldo porque ele realmente faz a diferença. Ele tem quase 99% de aproveitamento. Ele pega na bola e vocês viram o que ele faz”, destacou.

Questionado se o atacante corintiano teria marcado um gol digno de Pelé, ao encobrir o goleiro Fábio Costa no segundo tempo, o Rei não desconversou. “Muitas vezes de Pelé. Isso é gol de Copa do Mundo. O segundo gol dele foi uma verdadeira pintura”, completou.

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