Paulo Autuori chegou ao Olímpico, passou pelo pátio e entrou no vestiário, repetindo o procedimento que virou rotina para ele nos últimos seis meses. Mas foi a última vez. Por volta de 12h30m da tarde de ontem o treinador encerrou a entrevista coletiva de despedida do Grêmio. Ele agora comanda o Al-Rayyan, do Qatar.
Autuori deixa o Grêmio seduzido por uma proposta milionária: os árabes ofereceram nada menos que R$ 18 milhões por dois anos de contrato. Ele não teve como rejeitar a oferta. Ao decidir abandonar o Tricolor, Autuori rompeu um projeto que teria pelo menos mais um ano de caminhada. E a interrupção ocorreu sem títulos. Ele sai chateado por isso.
– Eu sou o mais crítico possível comigo mesmo. Saio muito chateado. Sinto que poderíamos estar em uma condição mais favorável. Jogamos, tivemos condições e falhamos. Eu assumo a responsabilidade das falhas. Tivemos momentos para dar o salto de qualidade. Foram quatro vezes. Não fomos capazes. Assumo a responsabilidade. Saio com a sensação de que poderíamos ter feito muito mais – disse o treinador.
O rompimento do acordo feito com o Grêmio foi o preço que Autuori teve de pagar ao aceitar a proposta do Al-Rayyan. Ele diz que levou a carreira e a família em consideração ao fazer a escolha.
– O que me dá tranquilidade é a transparência com que tratamos tudo com a direção. Era uma situação que acontecia há algum tempo. As coisas foram evoluindo, tomando uma proporção que saiu da normalidade. Eu encaro isso com tranquilidade, porque sei o que sou. Tenho, sim, sentimento de tristeza, mas tenho outro lado, mais pragmático, que é minha carreira, minha família. Tenho que tomar decisões. Minha carreira como técnico sempre foi com decisões. As decisões, para mim, em todos os sentidos, são claras. Tenho a consciência tranquila pelo que sou como pessoa e como profissional – afirmou.
Na despedida, Autuori elogiou o clube que treinou por seis meses. Ele acredita que, mesmo sem títulos, deixa as portas abertas no Olímpico.
– Sempre me referi ao alto nível profissional e pessoal, ao ótimo ambiente, e toquei nisso na conversa que tivemos. O clube me agradou em termos de direção, de profissionais da comissão técnica. Fico tocado com isso. Balança o lado emocional.
Sem Autuori, o Grêmio parte em busca de um substituto. Adílson Batista, do Cruzeiro, e Silas, do Avaí, são os nomes preferenciais. Marcelo Rospide comanda o time nas últimas quatro rodadas.
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