Análise: pressão alta ajustada abre caminho para vitória convincente de um Flamengo em nítida evolução
   21 de abril de 2022   │     19:00  │  0

Isla comemora o gol do Flamengo com Thiago Maia — Foto: André Durão

Isla comemora o gol do Flamengo com Thiago Maia — (Foto: André Durão)

Ajustes no campo ofensivo abrem caminhos para maioria das boas chances de um time que foi dominante durante os 90 minutos no Maracanã. João Gomes reflete equilíbrio crescente.

O 3 a 1 do Flamengo sobre o São Paulo na tarde de domingo, no Maracanã, foi importante além dos três pontos contra um rival direto na tabela do Brasileirão. A forma como a equipe de Paulo Sousa se comportou e se mostrou autossuficiente deu mostras de que há, sim, motivos para confiar na disputa pelo nono título do Brasileirão da história do clube.

O Flamengo que desanimou nas finais do Campeonato Carioca parece não existir mais. Com ajustes de posicionamento e postura, a equipe demonstra uma constante evolução que teve contra os paulistas o ponto alto da sequência de três vitórias e um empate desde a performance desanimadora contra o Fluminense no estadual. A exibição diante do São Paulo apresentou ajustes finos na marcação alta e consistência de um time que durante os 90 minutos sempre deu sinais de que venceria a partida.

Flamengo x São Paulo

Posse de bola: 49% x 51%
Finalizações: 18 x 7
Faltas cometidas: 17 x 25
Escanteios: 2 x 3
Passes completos: 375 x 326
Desarmes: 23 x 12

Contra um adversário que picotou o jogo quando o Flamengo tentava construir desde o campo defensivo – só Arrascaeta sofreu cinco faltas no primeiro tempo – a pressão na saída de bola surgiu como melhor alternativa para pegar os são-paulinos desarrumados. E deu certo!
Com João Gomes perfeito no equilíbrio entre o bote no primeiro volante e na marcação mais baixa, o time de Paulo Sousa foi senhor do primeiro tempo e obrigou Jandrei a fazer duas grandes defesas nos primeiros dez minutos com bolas roubadas na intermediária ofensiva.

Ficou claro que a marcação alta seria o caminho para a vitória e foi assim que saiu o primeiro gol com redução de espaços e tomadas de decisão rápidas com a bola nos pés. João Gomes apertou, Lázaro não perdeu tempo na ação e serviu Gabigol para abrir o placar aos 24 em uma etapa amplamente dominada pelos rubro-negros, que tiveram 58% de posse de bola e quatro finalizações na reta do gol. O problema é que o São Paulo aproveitou vacilos para empatar na única conclusão na reta da baliza de Hugo.

Em lance onde o São Paulo teve muita liberdade para circular a bola, Rafinha encontrou Calleri no segundo pau para empatar de cabeça aproveitando desatenção de Rodinei. O lateral não atacou a bola e deu espaço para o argentino se antecipar e levar para o vestiário uma igualdade que não fazia muito sentido, como se provou no segundo tempo.

O Flamengo voltou do intervalo menos agressivo do que na etapa inicial, mas Paulo Sousa foi preciso nas substituições. Com Marinho e Isla em campo, o treinador deu fôlego e profundidade pelos lados do campo e viu o chileno marcar um golaço para que as rédeas das partidas voltassem para as mãos do Flamengo. Logo depois, Marinho usou a perna direita, que está longe de ser boa, para servir Arrascaeta, que fez 3 a 1 no placar. Vantagem e domínio rubro-negro.

Com a marcação alta bem ajustada e fluidez no jogo pelos lados do campo, o Flamengo em momento algum viu a vitória passar por riscos no segundo tempo. Senhor do jogo, João Gomes resumia a atuação: preciso nos botes e vertical com a bola nos pés.

– Quando o resultado é ruim nem tudo está ruim, e quando é bom nem tudo está bom. Há muita coisa dentro do processo para continuarmos a ser consistentes – disse o treinador após a partida.

No fim das contas, o 3 a 1 ficou barato para um São Paulo dominado grande maioria dos 90 minutos. Se o clássico contra os paulistas se tornou uma prova de fogo para o time de Paulo Sousa, a aprovação veio com méritos e astral elevado para mais um teste, quarta-feira, contra o Palmeiras, no mesmo Maracanã.

Arivaldo Maia com Cahê Mota – Redação do ge –  Rio de Janeiro