Técnico português, novo sistema e muitas trocas: o que mudou no Flamengo após a final em Montevidéu
   20 de abril de 2022   │     17:00  │  0

Marcos Braz, Paulo Sousa, novo técnico do Flamengo, Rodolfo Landim e Bruno Spindel — Foto: Flamengo

Marcos Braz, Paulo Sousa, novo técnico do Flamengo, Rodolfo Landim e Bruno Spindel — (Foto: Flamengo)

Do traumático 27 de novembro de 2021 que marcou o último duelo com o Palmeiras em diante, clube rubro-negro passou por eleições, mexeu em muitas peças e perdeu dois campeonatos.

O Flamengo irá reencontrar o adversário que se tornou seu maior rival nos últimos anos e que lhe causou o maior dano recente: o vice-campeonato da Libertadores de 2021. Em 143 dias, muita coisa aconteceu.

A estrutura do time que enfrentará o Palmeiras nesta quarta-feira, pelo Brasileiro, é radicalmente diferente em relação ao da decisão continental. As mudanças vão do comando técnico aos jogadores. E não são poucas. Garotos viraram protagonistas, outros foram emprestados, e líderes perderam espaço.

Renato é o primeiro a cair

Efeito imediato da derrota por 2 a 1 em 27 de novembro foi a saída de Renato Gáucho. O fim da relação já estava definido antes mesmo do jogo com o Palmeiras, mas o revés acelerou o distrato em comum acordo, anunciado oficialmente na segunda-feira posterior ao duelo.

Sonho antigo de Rodolfo Landim, até conseguiu resultados positivos e goleadas impactantes contra rivais de peso, mas falhou nas três frentes em que buscava títulos de expressão: Copa do Brasil, Brasileiro e Libertadores.

Bruno Viana não deixa saudades

Se a troca no comando foi a reação mais rápida da diretoria, a primeira saída de jogador pós-Montevidéu também teve como motivo a ausência de resultados. O zagueiro Bruno Viana, emprestado pelo Braga e um dos poucos contratados em 2021, terminou como a grande decepção da temporada. As más atuações fizeram a diretoria desistir de qualquer possível passo em direção da compra dos direitos econômicos.

Flerte com Jesus e decisão por Paulo Sousa no Natal

Uma semana após perder a Libertadores, os associados do Flamengo reelegeram Landim em decisão nada surpreendente. Ciente de que a vitória nas urnas era previsível, Marcos Braz e Bruno Spindel partiram para a Europa com o intuito de trazer um português para substituir Renato Gaúcho. Entre os nomes na mesa estava o de Jorge Jesus, preferido da torcida e muito querido pela diretoria. Mas Paulo Sousa, naquele momento treinador da seleção polonesa, foi o mais assertivo de todos dentre os entrevistados pela dupla que comanda o futebol. Desde o princípio.

Paulo foi o primeiro dos treinadores que conversaram com Braz e Spindel. Em uma semana, a dupla causou frisson em solo português principalmente em função de um encontro com Jorge Jesus em residência do treinador, à época empregado no Benfica, em Cascais. Ciente do apreço que os rubro-negros tinham por ele, Paulo Sousa aguardava uma definição, mas tinha convicção de que deixara boa impressão nos brasileiros.

Depois de muitas conversas, a diretoria tomou a decisão por Paulo Sousa nas últimas horas do dia 25 de dezembro. E optou também por uma comissão robusta, composta por outros cinco estrangeiros.

Janeiro chegou, e o Flamengo negociou uma série de pratas da casa. Duas saídas, porém, não estavam no script. As dos atacantes Kenedy e Michael. O primeiro saiu por conta de um pedido do alemão Thomas Tuchel, técnico do Chelsea. Já o outro rendeu ao Flamengo quase R$ 50 milhões ao partir para o Al Hilal.

No início da temporada também foram definidas as saídas dos goleiros César e Gabriel Batista, dos volantes Piris da Motta e Hugo Moura e do atacante Vitor Gabriel. Destes, Hugo, Vitor e Gabriel Batista têm contrato com o Flamengo. O vínculo de Batista, porém, é válido somente até dezembro.

Em abril, o zagueiro Gabriel Noga e os laterais-esquerdos Ramon e Renê também saíram. Os pratas da casa estão emprestados a Atlético-GO (Noga) e Bragantino (Ramon), e o piauiense transferiu-se em definitivo para o Internacional de Porto Alegre.

João Lucas e Max poderiam entrar na conta, mas já estavam fora do Flamengo desde o segundo semestre do ano passado, quando estavam emprestados ao Cuiabá. João seguiu lá, enquanto Max foi para os Estados Unidos.
Reforços espaçados, e goleiro Santos como principal novidade

Com elenco robusto mesmo em meio à saída de dois atacantes, sabia-se que o Flamengo pouco contraria. Desta forma, cinco reforços foram contratados de forma espaçada. Primeiro o atacante Marinho, depois os zagueiros Fabrício Bruno e Pablo.

Apesar da estreia animadora contra o Boavista, Marinho perdeu espaço rapidamente por questão de característica. Nas últimas rodadas ele vem conseguindo mais oportunidades. Fabrício Bruno começou como titular absoluto, mas uma contusão sofrida no primeiro jogo da decisão estadual o fez perder as cinco partidas seguintes.

Pablo também se lesionou, mas logo em seu primeiro treino. Depois de um mês em recuperação, deve ser relacionado pela primeira vez nesta quarta-feira, contra o Palmeiras, no Maracanã.

Ayrton Lucas foi outro que chegou recentemente. A exemplo de Pablo, a guerra entre Rússia e Ucrânia facilitou a negociação, e o lateral-esquerdo chegou emprestado pelo Spartak Moscou.

Santos, o último dos reforços foi o mais impactante. Não apenas pelo nome construído no Athletico-PR e por convocações recentes, mas principalmente por se tratar da posição de Diego Alves, um dos goleiros mais importantes da história do Flamengo.

Os novos processos trazidos pelo português trouxeram ruídos, jogadores estranharam os métodos, mas, mesmo pressionado pela ausência de resultados, Paulo Sousa bateu no peito e insistiu em suas convicções ao montar um time que ataca no 3-2-4-1 e se defende com duas linhas de quatro.

Resgatou João Gomes, quem transformou em um de seus pilares na temporada, e transformou Lázaro, que ainda estava devendo no profissional, em peça importante. Por outro lado, não apostou em Ramon e liberou Renê. No setor, aliás, testou Everton Ribeiro, mas a aposta não se mostrou frutífera.

Definiu David Luiz e Gabigol como suas lideranças, manteve Willian Arão na condição de titular absoluto, mas não conseguiu até então cumprir a expectativa de fazer Pedro e Gabi jogarem juntos com frequência.

 

Santos teve atuação segura em sua estreia pelo Flamengo — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Santos teve atuação segura em sua estreia pelo Flamengo — (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Arivaldo Maia com Redação do ge — Rio de Janeiro