Técnico da Ucrânia diz que tentou ir para a guerra e mira treinos fora do país: ‘Se descobrirem, podem bombardear’
   5 de abril de 2022   │     17:30  │  0

Oleksandr Petrakov, técnico da UcrâniaOleksandr Petrakov, técnico da Ucrânia – (Foto: Pavlo Kubanov/Ukrainian Football Association)

No sorteio do Mundial, realizado na última sexta-feira, o último classificado da repescagem europeia caiu no grupo B, com Inglaterra, Irã e Estados Unidos. Para conseguir essa vaga, os ucranianos precisam vencer a Escócia em junho (em jogo adiado por conta do conflito) e depois bater o País de Gales na final da chave.

Mas o cenário parece muito distante para uma equipe que nem sequer consegue treinar. Num planejamento inicial, Petrakov pensou em levar os jogadores para camp de treinamentos no oeste do país, região menos afetada pelo conflito. Mas a ideia já foi abortada.

— Há bombardeios lá também. Se descobrirem que a seleção está treinando, os inimigos podem nos bombardear. Essas pessoas não têm moral, princípios, e não poderíamos arriscar nossos jogadores. Os russos não são nossos irmãos, são uma horda — diz.

Segundo Petrakov, 11 dos 26 principais jogadores do país atuam fora do futebol ucraniano. Os demais estão espalhados pelo país sem poder treinar. Agora, a ideia é tentar levar a equipe para tentar ganhar ritmo fora do país. O técnico estima que sua equipe precise de seis ou sete jogos para retomar o ritmo.

— Poderíamos jogar em Wembley contra um clube de Londres, por exemplo. Seria um grande jogo de exibição, um icentivo para o exército ucraniano e uma boa preparação para o jogo contra a Escócia. Temos que jogar, sem essas partidas, seria muito complicado jogar contra a Escócia.

Na entrevista, o técnico revelou ainda um profundo desprezo pelos russos. Ele revela que, mesmo com 64 anos de idade, tentou se alistar para participar dos combates. Mas sua entrada foi dificultada.

— Me disseram que teria que assinar um contrato e alguém me comandaria. Ele (o recrutador) disse “você sabe, isso seria bem difícil, você não precisa disso, é outro tipo de pessoa”. Eu tenho 64 anos, não é? Tenho 64 mas sinto que foi normal (tentar me alistar). Acho que poderia levar dois ou três inimigos comigo.

Campeão europeu sub-20 com a Ucrânia em 2019, o técnico segue vivendo na capital Kiev, centro nervoso do conflito. Ele e a esposa, Irina, de 66 anos, dispõem de um bunker para se proteger em suas casas em caso de bombardeio. Quanto ao futebol, Petrakov diz que não quer ver Rússia e Ucrânia se enfrentando novamente.

— Não gostaria que acontecesse enquanto estivesse vivo. Não quero apertar a mão desses caras. Temos que contruir um muro e fazer o que pudermos para nos separarmos deles.

Blog com EXTRA