Líder do ranking nunca venceu Mundial; Brasil precisa quebrar tabu
   3 de abril de 2022   │     21:00  │  0

Neymar é a principal esperança do Brasil para fim de tabu e conquista do hexa

Neymar é a principal esperança do Brasil para fim de tabu e conquista do hexa

Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O Brasil retornou ao topo do ranking da Fifa nA quinta-feira, dia 31. Cinco anos depois, a campanha praticamente perfeita nas Eliminatórias garantiu à seleção brasileira o lugar mais alto da lista. No entanto, os torcedores mais supersticiosos podem estar preocupados com a notícia. Isso porque nunca na história da competição o líder do ranking da Fifa venceu a Copa do Mundo. A França não estava no topo da relação em 2018 quando se sagrou campeã do mundo na Rússia.

A Fifa estabeleceu o ranking há cerca de 30 anos, em agosto de 1993. Na ocasião, a entidade levou em consideração apenas os resultados dos últimos 12 meses para ranquear as seleções. A Alemanha, que havia sido campeã na Copa do Mundo de 1990, na Itália, estreou na primeira colocação, com 58 pontos. O Brasil, que lutou até a última rodada das Eliminatórias por uma vaga, figurava em oitavo, com 54.

Dois dias antes da estreia do Mundial dos EUA, em 1994, a Alemanha manteve a ponta, aparecendo com 60 pontos. Porém, o time de Klinsmann, Völler e Matthäus acabou sendo surpreendido pela Bulgária — principal zebra da Copa — e caiu nas quartas de final após derrota por 2 a 1, de virada. Na mesma fase, o Brasil, que começou o torneio em terceiro no ranking, bateu a Holanda, vice-líder, e veio a conquistar o tetracampeonato — com destaque para as atuações da dupla Bebeto e Romário.

Embalado pelos títulos da Copa do Mundo e a recém-conquista da Copa América, em 1997, o Brasil foi com moral elevado para o Mundial da França, em 1998. Então líder do ranking da Fifa, com 72 pontos, a seleção brasileira fazia grande campanha até sofrer dura derrota por 3 a 0 na final para os donos da casa, comandados por Zinedine Zidane. Os franceses, que conquistavam seu primeiro título, apareciam apenas na 18ª colocação antes do torneio.

A França fez roteiro semelhante ao do Brasil depois de conquistar o Mundo. Campeões da Eurocopa dois anos antes, os Bleus eram um dos favoritos ao título na Copa de 2002, na Coreia do Sul e Japão. Líderes do ranking antes do início do Mundial, com 802 pontos, a seleção francesa caiu ainda na fase de grupos. O Brasil, segundo mais bem ranqueado na ocasião, contou com o brilho de Ronaldo Fenômeno após uma Eliminatória irregular e chegou ao penta com um 2 a 0 sobre a Alemanha.

O Brasil passou todo o ciclo da Copa de 2006 na liderança do ranking da Fifa. Neste meio tempo, conquistou a Copa América (2004) e a Copa das Confederações (2005). Tanto os resultados quanto o elenco — Ronaldo, Ronaldinho, Adriano e Kaká eram alguns dos craques — colocavam o Brasil como principal favorito. O algoz novamente foi a França de Zidane, oitava no ranking, eliminando a seleção canarinho nas quartas, por 1 a 0.

Após o revés no Mundial, a seleção brasileira voltou a vencer a Copa América (2007) e a Copa das Confederações (2009), se mantendo na ponta do ranking. Mas, o sonho do hexa na África do Sul, em 2010, findou novamente nas quartas de final, com uma derrota de virada para a Holanda, por 2 a 1. Os holandeses viriam a ser vice-campeões, sendo derrotados pelo tiki-taka da Espanha, segunda melhor ranqueada pela Fifa antes de erguer o caneco.

Jogando em casa, a seleção brasileira até não corria risco de ser alvo do azar em 2014, pois era terceira colocada no ranking da Fifa. Tudo acabou com um humilhante 7 a 1 para a Alemanha — futura campeã — na semifinal. A Espanha, que venceu a Euro dois anos antes e liderava na pontuação de seleções, também decepcionou e caiu já na fase de grupos.

O bastão do fracasso ainda na fase de grupos entre os líderes do ranking da Fifa foi passado para a Alemanha em 2018, na Copa da Rússia. Com parte do elenco de quatro anos antes mantido, a seleção alemã passou por uma grande reformulação após o fraco desempenho no Mundial. A França, sétima equipe mais bem ranqueada naquele ano, fez campanha consistente e ficou com o bi após vitória por 4 a 2 sobre a Croácia.

Arivaldo Maia com Estadão