Entenda por que clubes emergentes formaram um bloco para negociar a criação da liga
   21 de fevereiro de 2022   │     5:00  │  0

9Troféu do Brasileirão — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Troféu do Brasileirão — (Foto: Lucas Figueiredo / CBF)

Dez clubes se uniram por meio do grupo “Forte Futebol”. Seus dirigentes buscam posição privilegiada para tratar de questões coletivas, como futuro operador da liga e divisão do dinheiro.

As negociações para a criação da liga de clubes, que organizaria o Campeonato Brasileiro e cuidaria de questões comerciais, ganharam novo capítulo nesta semana. Dez clubes da primeira divisão nacional, autointitulados “emergentes”, anunciaram a criação de um bloco chamado “Forte Futebol” e publicaram uma carta.

Fazem parte desse grupo:
América-MG
Atlético-GO
Athletico-PR
Avaí
Ceará
Coritiba
Cuiabá
Fortaleza
Goiás
Juventude

Dirigentes desses clubes uniram-se para melhorar a posição deles nas negociações que envolvem a liga. De certa forma, trata-se de resposta a outro grupo, que reúne os cinco paulistas da Série A (Corinthians, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e São Paulo), além de Flamengo e Atlético-MG.

Esses blocos vêm divergindo nos bastidores, por exemplo, em relação à empresa que deve operar a futura liga e captar um sócio para ela no mercado financeiro. Os clubes de maior torcida assinaram um termo com a empresa Codajas Sports Kapital, liderada pelo advogado Flávio Zveiter, para que ela faça uma valuation (mensuração de valor) da liga.

Apesar de esse termo não ser vinculante – ou seja, não gera nenhuma obrigação aos clubes que o assinaram –, o bloco de emergentes se opôs a ele. O presidente do Athletico-PR, Mario Celso Petraglia, é uma voz dissonante em relação ao Codajas, e seu discurso ganhou força entre outros membros. O vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, reclamou da assinatura desse documento no podcast Dinheiro em Jogo.

– É uma espécie de proteção nossa no mercado. Alguns clubes assinaram propostas autorizando investidores a apresentar propostas para representá-los, e tudo isso foi feito de maneira fechada, ao contrário da ideia original da liga – afirma o presidente de um desses clubes.

Existe o entendimento de que a Lei do Mandante, criada em 2021 com apoio de dirigentes do Brasil inteiro, contribuiu para o fortalecimento desse novo bloco. Essa legislação tirou do visitante o poder sobre a venda dos direitos de transmissão; agora, o mandante decide sozinho a venda.

Os dez clubes do Forte Futebol são donos de 50% dos direitos de transmissão sobre os jogos do Brasileiro. Desde que todos continuem na primeira divisão, haverá maior força de barganha para eles no momento da fundação da liga. Se o bloco não rachar, avaliam seus integrantes, o grupo negociará em posição vantajosa com empresas e demais clubes.

Recentemente, as conversas foram retomadas de forma “menos coletiva” – com blocos de clubes conversando separadamente com empresas interessadas na formatação e na comercialização do projeto. Todos esses movimentos ocorrem nos bastidores, sem que os cartolas tenham assumido posições públicas em relação a preferências e desafetos.

Blog com Gallindo, Martín Fernandez e Rodrigo Capelo – Redação do ge –  Rio de Janeiro e Barcelona, Espanha.