Os motivos para a perda de relevância dos estaduais no Brasil
   20 de janeiro de 2022   │     15:00  │  1

Para o jornalista Celso Unzelte, o que mudou não foram exatamente os campeonatos estaduais.

“Acho que o que mudou foi o mundo”, declarou em entrevista à Betway.

Ele compara os estaduais a uma jabuticaba, fruta tipicamente brasileira, e explica que em países como Itália e Inglaterra o futebol se organizou nacionalmente desde o começo do século passado porque os territórios desses países são menores.

No Brasil, no entanto, o primeiro campeonato com caráter nacional foi realizado em 1959. E levou tempo até eles superarem os estaduais.

Para Unzelte, esse movimento ganha força na segunda metade da década de 90.

“Acontece uma consolidação dos campeonatos nacionais, uma consolidação das disputas internacionais”, disse.

Mas nos últmos anos os próprios estaduais vem se prejudicando diante dos torcedores.
Se antes o fomato de disputa do Campeonato Carioca o ajudava a ser o mais “charmoso” do Brasil, agora ele parece jogar contra.

“Os próprios torcedores não conseguem entender o que é disputado. Isso afeta diretamente os interesses dos torcedores brasileiros”, afirma Pedro Menezes, Senior Business Consulting da consultoria Ernst & Young, em entrevista à Betway.

O resultado disso é que nenhum dos principais do país conseguiu superar média de 10 mil pagantes nos quatro a cinco anos anteriores às arquibancadas serem esvaziadas por questões sanitárias.

O motivo que melhor explica a presença dos estaduais no calendário do futebol brasileiro atualmente é a política.

As federações estaduais organizam esses campeonatos e ao mesmo tempo compõem parte relevante do colégio eleitoral que elege o presidente da CBF.

Como os clubes ainda não se organizam coletivamente para planejar o seu calendário de competições e eventualmente excluir ou diminuir os estaduais, o status quo acaba sendo mantido e as federações seguem com grande poder.

Os estaduais ainda podem servir como vitrine para jogadores desconhecidos e fonte de renda para clubes menores.

No entanto, é difícil conciliar os interesses de times do interior com as potências econômicas dos grandes centros do Brasil.

Esse é um desafio para as entidades e clubes do país se eles quiserem fazer com que a “jabuticaba” do futebol volte a ter mais sabor.

Blog com OneFootball

 

COMENTÁRIOS
1

A área de comentários visa promover um debate sobre o assunto tratado na matéria. Comentários com tons ofensivos, preconceituosos e que que firam a ética e a moral não serão liberados.

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do blogueiro.

  1. O ANALISTA DE COQUEIRO SECO

    Arivaldo,
    O jornalista desconhece as dimensões do Brasil. Tentar querer/justificar o fim dos estaduais porque os países da Europa não tem, é desconhecer a geografia. Vários estados do Brasil são maiores do que a Itália, Portugal, Inglaterra… Acabar com os estaduais é decretar o fim de milhares de empregos.
    Achar que só as “grandes potências econômicas” , não em futebol, mas em grana, devem ditar o nosso futebol, é um absurdo. Só faltou defender a exclusão do nordeste no campeonato brasileiro, afinal somos uma região pobre…

Comments are closed.