Mais rico do Brasil, Flamengo investe menos que rivais em ciência do esporte
   27 de outubro de 2021   │     15:00  │  0

(Foto: Marcelo Cortes / Flamengo)

O desgaste físico dos jogadores do Flamengo, atribuído ao calendário caótico do futebol brasileiro, ocorre num momento de menor investimento do clube em ciência do esporte. Se, nos últimos anos, o rubro-negro atraiu jogadores da Europa, por outro lado, viu uma fuga de profissionais de elite da área médica sem a reposição adequada. Desde 2019, a diretoria priorizou contratações de atletas de ponta e não fez um investimento proporcional em preparadores físicos, fisiologistas, fisioterapeutas, nutricionistas e até psicólogos.

A qualidade dos profissionais e as práticas de parte do Departamento de Saúde e Alto Rendimento (Desar) já causam desconforto ao técnico Renato Gaúcho, sobretudo após as lesões de Pedro e Bruno Henrique. A forma como os jogadores são trabalhados pela preparação física é o principal foco de questionamento. O problema já havia sido detectado por Rogério Ceni e Doménec Torrent, que tinham comissões mais numerosas. Já na era Jorge Jesus, que trouxe oito profissionais da Europa, os funcionários do Flamengo se tornaram coadjuvantes, inclusive o chefe do Desar, o médico Márcio Tannure.

Relatos obtidos pelo GLOBO dão conta de que o clube com a maior folha salarial do Brasil tem pago salários defasados em relação às principais equipes. Entre 2017 e 2019, o Flamengo liderou como o clube com menor número de lesões na Série A — e se prendeu a essas estatísticas. O trabalho de controle de carga era bem feito e baseado no conceito de transdisciplinaridade. Ou seja, todas as áreas do departamento se comunicavam para entender os processos com os atletas, até chegar ao treinador e à tomada de decisão sobre poupar ou escalar.

Nunca foi explicado por que houve uma reformulação no departamento que era visto por todos como o mais competente, fazendo recuperações em tempo recorde. Márcio Tannure voltou, então, a ter a missão de comandar as ações, o CEP se transformou em DESAR, mas os processos esbarraram nas escolhas dos profissionais e em um calendário que, por conta da pandemia, tem exigido mais do que nos anos anteriores.

Blog com EXTRA