Resgatado por Renato Gaúcho no Flamengo, Michael superou depressão e destino de criminalidade
   9 de outubro de 2021   │     13:00  │  1

Após se envolver com o tráfico e até roubo de carros na adolescência, atacante atualmente é um dos trunfos do time do Rio para a final da Libertadores com o Palmeiras; sua história é contada por Messias, seu pai.

“Pô, no Goiás você jogava demais. Contra o Flamengo, você foi um monstro naquele Brasileiro (de 2019). Ninguém desaprende. Eu quero aquele atacante do Goiás jogando aqui comigo”. As palavras de Renato Gaúcho logo nos primeiros treinos no Ninho do Urubu serviram como um divisor de águas para Michael no elenco rubro-negro. De atleta secundário e marcado pela torcida, ele virou peça fundamental para mudar jogos. Em muitos deles, acabou sendo importante não só com assistências, mas também com gols.

Em entrevista ao Estadão, Manoel Messias de Oliveira, de 60 anos, e pai do novo xodó da Gávea, contou a transformação que o treinador rubro-negro provocou na vida do filho desde que foi contratado para o lugar de Rogério Ceni, há poucos meses.

“Ele fala que o Renato é o seu parceirão. Mudou tudo desde que ele chegou. E o trabalho não ficou só no discurso. Nos treinos, corrigiu algumas deficiências do Michael, direcionou trabalho específico e fez meu filho estar novamente focado para a volta por cima”, comentou o pai do atleta.

Desde a sua chegada ao Rio, em janeiro de 2020, Michael passou por muitas transformações. Contratado a peso de ouro após o excelente campeonato que fez pelo Goiás, o atacante viu a sua rotina mudar, a primeira delas foi trocar Goiânia pelo Rio de Janeiro. O protagonismo do time esmeraldino deu lugar ao papel de coadjuvante no Ninho do Urubu. Mas foi fora de campo que as coisas se complicaram. E a depressão foi o primeiro sinal de que algo não ia bem.

“A transição foi difícil. Dinheiro demais às vezes atrapalha. Muitas pessoas começaram a pedir coisas. E o Michael não sabia dizer não. Ele precisou de uma ajuda psicológica. Ele se sentia um caixa eletrônico. Achava que as pessoas só agiam por interesse. Logo depois da mudança para o Rio, a mulher engravidou. Não é fácil. Para ter uma ideia, uma vez ele me ligou e disse que estava vendo uns vultos. Daí pedi para fazer orações. Logo depois viajamos e passamos um tempo juntos no Rio”, afirmou Messias, em um tom bastante emocionado. Michael não conseguiu tempo na agenda para atender a reportagem.

Em entrevista ao Canal Barbaridade, no youtube, tempos atrás, o atacante revelou ter passado por momentos difíceis e chegou até mesmo a pensar em suicídio. De origem humilde, o patriarca se apegou aos conselhos para amenizar o sofrimento do atacante flamenguista e lhe mostrar caminhos.

Pai de quatro filhos, o professor de informática teve dificuldades na criação das crianças, principalmente após a separação da mulher. Primogênito, Michael começou a seguir por caminhos perigosos ainda na adolescência. Álcool em excesso, envolvimento com drogas, brigas e roubos passaram a atormentar a família.

“Sinceramente, não via futuro para o meu filho. Entrou no crime muito cedo. Com 13, 14 anos ele ia para as bocas de fumo. Eu saía à noite desesperado atrás dele. A polícia vinha sempre atrás dele e dos amigos. Escapou de tomar tiro várias vezes. Roubava carros e depois jogava dentro do rio. Fiquei sabendo disse só bem mais tarde. Ele (Michael) saiu de Poxoréu (cidade onde foi criado, no Mato Grosso e que fica a 251 km ao sul de Cuiabá) fugido. Foi para a casa das tias, em Goiânia, e continuou aprontando e andando com pessoas erradas”, afirmou ao Estadão.

MEDALHÕES SÃO ALICERCE DE MICHAEL NO CLUBE
Por fim, Messias contou que, nessa nova fase de Michael no Flamengo, algumas pessoas foram muito importantes na sua adaptação e transformação. Entre os amigos, o destaque fica para o goleiro Diego Alves, o meia Diego Ribas e ainda o lateral Felipe Luís.

“Não sei, mas de repente foi o próprio Renato Gaúcho que pediu ajuda para os veteranos. São atletas com rodagem, que já passaram muitas coisas na vida e abraçaram o Michael. Nos bons momentos, você pode reparar, ele está sempre comemorando com esses três. O Rafinha também era muito próximo, mas infelizmente acabou deixando o Flamengo. Enfim, é bom saber que pessoas boas estão cercando nossos filhos.”

Blog com informações do ESTADÃO Conteúdo

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