Em entrevista exclusiva, Wenger defende Copa a cada dois anos: “Faria o futebol menos desigual”
   29 de setembro de 2021   │     20:00  │  0

Arsène Wenger foi um dos integrantes do grupo organizado pela Fifa para discutir calendário — Foto: Reuters

Arsène Wenger foi um dos integrantes do grupo organizado pela Fifa para discutir calendário — (Foto: Reuters)

Ex-técnico do Arsenal, hoje dirigente da Fifa, explica proposta de reforma do calendário do futebol mundial, rebate críticas e admite que o sistema atual “é um caos”.

A Fifa quer redesenhar o calendário do futebol mundial: menos amistosos entre seleções, Eliminatórias mais curtas e… a Copa do Mundo a cada dois anos, não mais a cada quatro anos.

O mentor da proposta é o francês Arsène Wenger, de 71 anos, vinte e dois deles à frente do Arsenal. O plano recebeu críticas pesadas do presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, mas por outro lado foi elogiado por gente como Pep Guardiola.

Desde novembro de 2019 Arsène Wenger ocupa o cargo de Chefe Global de Desenvolvimento de Futebol da Fifa. Nesta entrevista exclusiva ao ge, concedida por e-mail, Wenger explica os fundamentos de sua proposta, rebate educadamente as críticas e admite que o calendário atual “é um caos”.

O senhor trabalha para a Fifa há dois anos, depois de 35 anos dirigindo clubes. O que o senhor descobriu sobre futebol que ainda não sabia?

– Descobri que o desenvolvimento do futebol é muito desigual em todo o mundo e nem todos têm as mesmas oportunidades. Garotos e garotas na Europa Ocidental têm um ambiente fantástico para desenvolver o seu talento em termos de estrutura, treinadores, programas de treino e competições. Mas este não é o caso na maior parte do mundo. Existem muitos talentos que provavelmente nunca chegarão ao topo simplesmente porque nasceram em um lugar diferente. Em minha função na Fifa, a prioridade é enfrentar esse problema.

Uma reclamação muito comum aqui no Brasil é que, após a criação da Liga das Nações da Uefa, não há mais jogos contra europeus, exceto na Copa do Mundo. O novo calendário resolveria esse problema?

– Uma Copa do Mundo mais frequente significaria mais oportunidades para os melhores times sul-americanos jogarem contra os melhores europeus, e não apenas em amistosos, mas em jogos realmente significativos, no palco principal. E isso vale também para seleções africanas, asiáticas, norte e centro-americanas, da Oceania. Todos terão mais chances de competir no nível mais alto.

Blog com Martín Fernandez — Redação do GE – Rio de Janeiro