Futebol inglês está em alerta com vício de jogadores em tabaco sem fumaça que pode aumentar riscos de lesão
   19 de agosto de 2021   │     22:00  │  0

Jamie Vardy (de azul), do Leicester, em ação: ele admitiu em sua autobiografia ter usado a substância Foto: CARL RECINE/Reuters / Action Images via ReutersJamie Vardy (de azul), do Leicester, em ação: ele admitiu em sua autobiografia ter usado a substância (Foto: CARL RECINE/Reuters / Action Images via Reuters)

Conhecida como ‘snus’, a nicotina em pó pode ser tão prejudicial para o organismo quanto o cigarro tradicional.

Cresce no futebol inglês o temor em torno do vício entre os jogadores em um produto à base de tabaco, sem fumaça, originário da Escandinávia. Cohecido como “snus”, ele se tornou comum no meio do futebol na última década, segundo o jornal britânico “The Sun”, mas especialistas afirmam que pode ser tão prejudicial à saúde quanto o cigarro de nicotina tradicional e ainda acarretar um aumento no número de lesões.

O produto é uma mistura de tabaco em pó, moído com água. No formato de pequenas bolsas parecida com “saquinhos de chá”, é colocado entre a gengiva e o lábio superior para fornecer uma dose rápida de nicotina de alta potência.

Embora seja considerado por muitos menos nocivo que o cigarro, ele não é totalmente seguro. Pode ser tão viciante quanto e também foi associado ao câncer de pâncreas. Sua venda é proibida no Reino Unido e na União Europeia desde 1992 (exceto na Suécia, onde é mais popular), mas é fácil comprar pela internet. Nem a posse nem o consumo são ilegais na Inglaterra ou no futebol, e o produto tem se tornado cada vez mais comum nas ligas de acesso.

Mas sabe-se que há usuários na Premier League, e a estrela do Leicester, Jamie Vardy, admitiu em sua autobiografia de 2016 ter feito uso da substância. O que preocupa os chefes do futebol inglês é que o vício em snus afeta negativamente o desempenho e pode até causar lesões.

Apesar de ser um estimulante, muitos jogadores acham que ele os acalma e o usam antes ou mesmo durante as partidas. Também pode ser um inibidor de apetite. Com a tendência altamente viciante, alguns atletas usam tanto que têm o sono afetado. A soma da má alimentação à falta de descanso pode influenciar no surgimento de lesões.

— Quando você está suprimindo o apetite, não está alimentando seus músculos corretamente, principalmente em período de recuperação. As lesões musculares no ano passado aumentaram e isso foi atribuído majoritariamente à Covid e ao calendário. Mas eu acredito que provavelmente metade foi devido ao snus. Não acho que sejam apenas seus músculos, acho que são seus ligamentos, seus tendões. É como colocar veneno em seu corpo — disse um técnico de futebol em entrevista ao “The Sun”.

Alguns clubes estão tentando impedir seus jogadores de usar o snus, enquanto outros aplicam multas. Um técnico da terceira divisão do país contou que 13 membros de seu time estão com problemas relacionados à substância e pediu ajuda às federações.

— O principal problema não é que os jogadores estão levando uma bolsa cheia deles. Alguns estão usando três de cada vez e acham que é bom para seu desempenho. Quando você tenta parar, é aí que começa o problema — afirma a terapeuta Andy MacArthur, que já ajudou cerca de 15 jogadores a largar o vício: — A falta de sono é o que tortura as pessoas. Você não vai dormir profundamente porque está zumbindo. Isso vai começar a prejudicar seu sistema nervoso e você descobrirá que as lesões são muito difíceis de curar. Quando isso é retirado de você, é angustiante, então você vai usar mais. É um círculo vicioso.

Blog com O GLOBO