Flamengo vai além da teoria, prova em campo que é melhor, e leva mais um tri carioca sem sustos
   25 de maio de 2021   │     21:00  │  0

Jogadores do Flamengo jogam treinador Rogério Ceni para o alto em comemoração — Foto: André Durão

Jogadores do Flamengo jogam treinador Rogério Ceni para o alto em comemoração – (Foto: André Durão)

Atropelamento do primeiro tempo, com 75% de posse de bola, 8 a 0 em finalizações e 2 a 0 no placar, ajuda a explicar superioridade rubro-negra em título “ameaçado” mais por traumas do que por pressão do Flu.

Venceu o melhor time, que jogou melhor e fez o que dele se espera. As bolas alçadas pelo Fluminense na área durante o segundo tempo até podem ter dado ao torcedor do Flamengo a impressão de que o título esteve em risco em determinado momento. A realidade, porém, aponta para uma final de Campeonato Carioca tranquila, onde o time de Rogério Ceni fez aquilo que tanto foi cobrado após o 1 a 1 do jogo de ida: se impôs.

O pênalti convertido por Fred no início do segundo tempo até deu esperança ao Fluminense na volta do intervalo. O Flamengo, por sua vez, sofria muito mais pelo trauma recente em jogadas aéreas do que por perigos impostos pelo adversário. O 3 a 1 da noite de sábado no Maracanã premiou um time que fez de um clássico um duelo de ataque contra defesa e aceitou seu favoritismo.

Os números ajudam a explicar o que foi o Fla-Flu decisivo. O Flamengo terminou a partida com 70% de posse de bola, mais que o triplo de finalizações (17 x 5), o triplo de escanteios (9 x 3) e mais do que o dobro de passes trocados (467 x 194). Não fosse o temor por uma bola vadia que voasse pela grande área e parasse no fundo das redes, como virou rotina recentemente, não haveria motivos para duvidar da conquista rubro-negra ao longo dos 90 minutos.

A superioridade se deu muito pela postura do Flamengo, debruçado no campo de ataque mesmo que tivesse que ter paciência para encontrar espaços muitas vezes, mas também pela covardia tricolor. O Fluminense passou o primeiro tempo inteiro sem dar sequer um chute ao gol de Gabriel Batista, que terminou a partida com mais toques na bola do que Fred: 30 a 29.
Com o Flamengo todo ofensivo, o goleiro se posicionou praticamente como libero e ajudou a empurrar sua equipe para o campo adversário. Em determinado momento, o time de Rogério Ceni parecia carecer de criatividade. Bruno Henrique, Everton Ribeiro e Arrascaeta não tiveram noite inspirada, só que Gabi resolveu por todo quarteto ofensivo.

A movimentação já costumeira aconteceu de maneira inteligente e abrindo espaço para os companheiros infiltrarem. Foi assim que Arrascaeta fez o facão para receber passe digno de um meia do camisa 9 e sofrer pênalti no 1 a 0. Pouco depois, também partindo de fora da área, Gabriel recebeu de Filipe Luís e ampliou a vantagem. O Flamengo era senhor do jogo e do placar.

Como já dito, o gol de pênalti de Fred no segundo tempo até deu a impressão de que o Fluminense pressionaria. Os números mais uma vez ajudam a clarear as ideias e mostram que os sete cruzamentos contra só dois do Flamengo na etapa final representam mais expectativa do que realidade na busca pelo empate.

O Flamengo cansou, Rogério trocou peças e o time decidiu. O gol do título saiu todo do banco de reservas. Vitinho serviu Pedro, que chutou para João Gomes escorar em rebote de Marcos Felipe: 3 a 1, e não haveria bola cruzada na área que colocasse em risco o título rubro-negro.
Tricampeão pela sexta vez em sua história, o Flamengo parece não ter mais adversários no cenário regional. Mais do que isso: dá indícios de que tem consciência dessa disparidade, e age como tal. Foi assim pelo terceiro ano consecutivo.

Blog com  Cahê Mota  – ge.globo – Rio e Janeiro