Reuniões e cobranças marcam clima de desconfiança entre Caboclo, comissão técnica e dirigentes da CBF
   23 de maio de 2021   │     12:00  │  0

Tite e Rogério Caboclo, presidente da CBF, em uma das convocações da seleção brasileira — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Tite e Rogério Caboclo, presidente da CBF, em uma das convocações da seleção brasileira — (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

É cada vez pior o clima entre a comissão técnica da seleção brasileira e o presidente da CBF, Rogério Caboclo. Na última terça-feira, o ge revelou que houve uma reunião entre Caboclo e comissão técnica na qual o dirigente apresentou sua versão para a crise em curso na entidade.

Ele também orientou os funcionários sobre como deveriam responder a eventuais perguntas sobre o caso na entrevista coletiva pós-convocação, ocorrida na última sexta-feira. No dia em que o ge publicou a reportagem, Caboclo voltou a reunir os membros da comissão técnica, desta vez para cobrar deles o vazamento da reunião anterior.

A atitude de Caboclo incomodou os membros do time capitaneado por Tite, uma vez que foi encarada como desconfiança e cobrança do presidente com a comissão técnica, discreta na maior parte do tempo dentro da CBF. O treinador e seus auxiliares tentam se esquivar das polêmicas, como ficou claro na coletiva da convocação. Na ocasião, o coordenador Juninho Paulista foi quem comentou o assunto.

Na última quinta-feira, uma tensa reunião marcou o dia na sede da CBF. Caboclo convocou diretores e gerentes para encontro extraordinário. Falou durante longo tempo e mostrou irritação com os vazamentos dos últimos dias. Procurada pela reportagem para comentar o clima tenso na entidade, a CBF não respondeu ao contato.

No prédio da CBF, o tom de Caboclo foi encarado, uma vez mais, como reflexo do tipo de comportamento que o levou a ser questionado internamente. Há um mês o dirigente enfrenta uma crise na entidade, desde que uma funcionária pediu licença médica e afirmou a pessoas próximas ter provas de comportamento inadequado por parte do presidente.

A ausência da funcionária – que se afastou por tempo indeterminado depois de apresentar laudo de psiquiatra, em que atestava falta de condições de trabalho – despertou ainda mais antipatia de colegas perante Caboclo.

Ontem, a ESPN publicou áudios que mostram a influência do ex-presidente Marco Polo Del Nero na CBF, mesmo após ser banido pela Fifa, em abril de 2018. Na gravação de julho do mesmo ano entre o então coordenador de seleções, Edu Gaspar, e o então diretor executivo de gestão, Rogério Caboclo, o atual presidente sugere a efetivação do então auxiliar da Seleção Sylvinho como o número 2 de Tite, em substituição a Cléber Xavier.

Nos corredores da CBF, os áudios causaram espanto entre os funcionários. Recentemente, o próprio Caboclo ordenou a todos interlocutores a retirada de telefones celulares nos encontros privados.

O mandatário passou os últimos dias na tentativa de administrar a crise, procurando apoios externos e costuras com pessoas influentes do futebol, inclusive Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, afastados por acusações de diversas irregularidades cometidas na gestão da CBF.

Ex-presidente da CBF, Del Nero foi banido pela Fifa em abril de 2018 — Foto: Pedro Martins / MoWA Press

Ex-presidente da CBF, Del Nero foi banido pela Fifa em abril de 2018 — (Foto: Pedro Martins / MoWA Press)

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